“FOI PENALTI, ‘SEU’ JUIZ!”
“O pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube”. A expressão é das mais conhecidas e são inúmeros os seus autores. Uns dizem que é de Sérgio Porto, outros de Dom Rosé Cavaca, antigo humorista, outros indicam João Saldanha e também há quem dê o crédito a Neném Prancha, que era técnico de futebol na praia e roupeiro no Botafogo. Todos foram frasistas consagrados e qualquer um pode merecer o crédito. Só tenho certeza que ela é mesmo fruto da irreverência e bom-humor carioca e dali deve ter saído. A International Board, o órgão da FIFA que regula (com parcimônia) as regras do futebol resolveu encarar uma pesquisa que estabelece que nas decisões por pênaltis quem cobra primeiro leva vantagem. A Board autorizou experiência numa disputa sub-17 para tentar comprovação na prática e que ainda não foi divulgada. A pesquisa informa que quem abre a série tem 60% de chance contra 40%. Não entro nessa. As viradas são comuns no futebol e são até um atrativo. No capítulo dos penais acho que tudo depende da capacidade de quem cobra, do que mais treina e do aspecto emocional do cobrador. Sobre pesquisas respondo com outra que mostra que todo goleiro que não saltar antes da cobrança do penal, ou seja, não tentar adivinhar o canto, tem mais chance de praticar a defesa. Com essa, concordo. Como a tal de paradinha continua sendo praticada quase que a vontade, o goleiro que fica estático geralmente deixa o batedor sem saber para onde chutar. Mas, e daí? Daí que os goleiros continuam tentando adivinhar, saltando antes e ignorando a estatística e nem saindo na fotografia do gol já que o artilheiro pensa rápido e num átimo pode mudar a direção da bola. Sei que essa estatística é antiga e anterior à própria paradinha que Didi criou e Pelé levou a fama. Tenho argumento de peso para justificar minha opinião. Qual foi o único mundial dos cinco vencidos pelo Brasil que foi decidido em cobranças de tiros da área penal? Aquele de 1994, nos Estados Unidos, decisão diante da Itália e quando o super calmo, o zen Roberto Baggio, mandou a bola às nuvens. Ou seja, na mais importante decisão do futebol mundial que vencemos tudo se consumou nas cobranças de penais. Quem bateu o primeiro da serie? A Itália com seu capitão, o zagueiro Franco Baresi e consagração para Taffarel, nosso goleiro. O bom mesmo seria que se acabasse com a igualdade e todas as partidas que terminassem em empate fossem decididas nos penais. Mesmo que não se somasse 3 pontos e apenas 2 ao vencedor. Seria um atrativo gigantesco. Mas, a ordem nas cobranças para mim não é o mais importante.
Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.