CHARANGA DOMINGUEIRA de 02-10-2016

Esportes - Flávio Araújo

Data 02/10/2016
Horário 11:10
 

GOVERNO DESAFINADO


Infelizmente o governo de Michel Temer começou vacilante e com divergências esdrúxulas entre seus componentes. Desde a fala do Ministro do Trabalho, aquela das 12 horas diárias de trampo. A reação violenta fez o governo desmentir. Se não tem o que falar "porque no te callas?" Corrigiram, mas o estrago estava feito. Agora foi pior. Numa reforma de ensino precipitada divulgou-se que a educação física seria retirada como matéria obrigatória do ensino básico. Desde que milito como cronista que batalho para que o Brasil coloque a prática esportiva como disciplina obrigatória a partir do jardim da infância. Também aí a reação foi imediata e o povo brasileiro que tem consciência das suas necessidades e vive à mercê de governos incompetentes reagiu de imediato. Divulgada em um dia a burrice foi cancelada no outro. Isso se chama desgoverno. A isso se dá o nome de governo desafinado onde cabeça, tronco e membros seguem caminhos distintos. Um país que realiza Olimpíadas e Paraolimpíadas quase simultâneas, que sediou Copa do Mundo com capacidade de realização há dois anos não pode fazê-lo só para que políticos e empreiteiros encham suas burras. Vai longe o tempo do "o que vale é competir". Hoje é competir para vencer. Não fosse o programa do Exército brasileiro e a escassez de nossas conquistas seria maior. Educação física é a base para a iniciação esportiva. Só assim conquistaremos medalhas. Nosso saudoso professor Machado deve ter dado voltas no túmulo ao saber do absurdo que se perpetrava. Incrível que o Congresso tenha pensado em excluir essa prática dos currículos do ensino básico. Depois dos eventos mundiais cheguei a pensar num Brasil esportivo de primeira linha, na massificação dos esportes em inúmeras disciplinas em todas as nossas escolas e que no futuro seriam capazes de formar equipes para conquistar medalhas a mancheias. Decepção, descrédito, desesperança... Demonstração explícita de que os componentes do Congresso não tomam vergonha na cara. Essa tentativa sub-reptícia de anistiar os antigos e contumazes praticantes do caixa dois em ação perpetrada na calada da noite e com a intenção inegavelmente dolosa de se enganar os bem-intencionados – eles existem, acreditem, são poucos, mas existem, –  foi um verdadeiro passa-moleque nos eleitores. Lembro que hoje é dia de votar e do povo dar o troco. A culpa desse ato indigno foi do Congresso e não do governo central, mas soa como uma advertência a Michel Temer. O Brasil hoje conhece mais do que nunca os caminhos para um impeachment.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.      
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