Cesáreas representam 65% dos partos no SUS e superam 86% na rede privada em PP

Em 2024, índices de procedimentos para nascimentos de bebês por via cirúrgica foram mais altos do que os catalogados em 2023 em quatro instituições de saúde

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 05/03/2025
Horário 05:30
Foto: Hospital Iamada
No Iamada, cesáreas representam 86,4% dos nascimentos
No Iamada, cesáreas representam 86,4% dos nascimentos

Dos 2.995 partos realizados na rede pública estadual de Presidente Prudente em 2024, 1.963, ou seja, 65,6%, foram cesarianas, diante de 1.032 (34,4%) normais. O índice é mais alto que o catalogado em 2023, quando os procedimentos para nascimentos de bebês por via cirúrgica chegaram a 60,8%, 1.830 dos 3.010 partos registrados. Na rede particular do município, a ocorrência dos partos cirúrgicos realizados por incisão no útero é ainda maior. No Hospital Iamada, as cesáreas representam 86,4% dos 1.127 nascimentos contabilizados no ano passado. Já no Hospital Unimed, o índice chega a 99,6%, já que somente três partos normais foram registrados diante de 743 cesarianas.

No que diz respeito à rede pública, a SES (Secretaria de Estado da Saúde) informa que, durante todo o ano de 2024, foram registrados 1.895 nascimentos no Hospital Estadual de Presidente Prudente. Destes, 1.351 (71,3%) foram cesarianas e 544 (28,7%) foram partos normais. Já no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, foram realizados 1.100 procedimentos, sendo 612 (55,7%) cirúrgicos e 488 (44,3) via vaginal.

Em 2023, foram realizados 1.956 partos no Hospital Estadual. Destes, 1.398 (71,4%) cesarianas e 558 (28,6%) partos normais. No mesmo ano, no HR, ocorreram 1.054 nascimentos, sendo 432 (40,9%) cesáreas e 622 (59,1%) partos vaginais.

Rede particular

No Hospital Unimed foram realizados, durante o ano de 2024, 745 partos. Deste total, 742 (99,6%) foram cesáreas e três (0,4%) partos normais. No ano anterior, os registros foram de 902 procedimentos: nove (1%) vaginais e 893 (99%) cirúrgicos. 
Já o Hospital Iamada revela que catalogou 1.127 nascimentos no ano passado. Do total, 974 (86,4%) cesáreas e 153 (13,6%) partos normais. Em 2023, foram 1.088 procedimentos: 914 (84%) cirúrgicos e 174 (16%) via vaginal.

“Fortalecemos a importância da escolha da gestante sobre o tipo de parto que deseja. Por isso, contamos com profissionais especializados e a estrutura necessária para a realização deste momento único do nascimento”, esclarece o Hospital Iamada. “Em nossa maternidade, as gestantes encontram ambientes planejados para ambas as escolhas. Para o parto normal, possuímos um quarto específico que conta com equipamentos e acessórios que podem auxiliá-la durante o processo. Além de todo o suporte da nossa equipe, possuímos profissionais credenciados conosco, como as doulas e enfermeiras obstetras, que costumam acompanhar muitas pacientes que optam pelo parto normal”, complementa a instituição de saúde.

Para as cesáreas, o Hospital Iamada ainda explica que dispõe de espaços específicos, como aqueles para o parto assistido, no qual família pode compartilhar o momento do nascimento junto com os pais. “Para apoiar a gestante durante as escolhas e garantir que estas sejam respeitadas, realizamos visitas guiadas na maternidade para apresentação dos espaços e o suporte de nossos profissionais para o preenchimento do Plano de Parto”, finaliza.

Normal versus cesariana

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), por meio de seu Departamento Científico de Neonatologia, afirma que parto normal é o mais indicado em comparação à cesariana. Por isso, afirma que, desde o período pré-natal, os obstetras se empenham para que a criança venha ao mundo da maneira mais natural possível, ou seja, por parto vaginal, como via preferencial, desde que não seja identificado risco obstétrico ou neonatal no pré-natal ou durante o acompanhamento do trabalho de parto que contraindique o procedimento.

“A OMS [Organização Mundial de Saúde] recomenda que a cesariana só seja realizada quando existe justificativa médica, ou seja, nos casos em que o parto vaginal colocaria em risco a saúde da mãe ou do bebê”, comenta a SBP. Entre as principais indicações para os procedimentos cirúrgicos, cita: pressão arterial materna elevada, comprometimento do crescimento fetal, primeira gestação com feto sentado, gestação gemelar, problemas com a placenta ou com o cordão umbilical, sofrimento fetal e por desproporção céfalo-pélvica, pois isso dificulta o feto passar pela bacia materna mesmo com contrações uterinas.

Daí a importância do diálogo constante entre médico e paciente para chegar na melhor decisão sobre cada caso, como detalha a ginecologista e obstetra, Marina Ayabe Gomes Moraes. “A paciente geralmente decide a via de parto junto com o médico. Ela, sim, deve escolher a via de parto que estiver mais confortável e segura, mas devem ser conversados sempre o pró e o contra. Então, a decisão é sempre conjunta”, ressalta.

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