Dos 2.995 partos realizados na rede pública estadual de Presidente Prudente em 2024, 1.963, ou seja, 65,6%, foram cesarianas, diante de 1.032 (34,4%) normais. O índice é mais alto que o catalogado em 2023, quando os procedimentos para nascimentos de bebês por via cirúrgica chegaram a 60,8%, 1.830 dos 3.010 partos registrados. Na rede particular do município, a ocorrência dos partos cirúrgicos realizados por incisão no útero é ainda maior. No Hospital Iamada, as cesáreas representam 86,4% dos 1.127 nascimentos contabilizados no ano passado. Já no Hospital Unimed, o índice chega a 99,6%, já que somente três partos normais foram registrados diante de 743 cesarianas.
No que diz respeito à rede pública, a SES (Secretaria de Estado da Saúde) informa que, durante todo o ano de 2024, foram registrados 1.895 nascimentos no Hospital Estadual de Presidente Prudente. Destes, 1.351 (71,3%) foram cesarianas e 544 (28,7%) foram partos normais. Já no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, foram realizados 1.100 procedimentos, sendo 612 (55,7%) cirúrgicos e 488 (44,3) via vaginal.
Em 2023, foram realizados 1.956 partos no Hospital Estadual. Destes, 1.398 (71,4%) cesarianas e 558 (28,6%) partos normais. No mesmo ano, no HR, ocorreram 1.054 nascimentos, sendo 432 (40,9%) cesáreas e 622 (59,1%) partos vaginais.
No Hospital Unimed foram realizados, durante o ano de 2024, 745 partos. Deste total, 742 (99,6%) foram cesáreas e três (0,4%) partos normais. No ano anterior, os registros foram de 902 procedimentos: nove (1%) vaginais e 893 (99%) cirúrgicos.
Já o Hospital Iamada revela que catalogou 1.127 nascimentos no ano passado. Do total, 974 (86,4%) cesáreas e 153 (13,6%) partos normais. Em 2023, foram 1.088 procedimentos: 914 (84%) cirúrgicos e 174 (16%) via vaginal.
“Fortalecemos a importância da escolha da gestante sobre o tipo de parto que deseja. Por isso, contamos com profissionais especializados e a estrutura necessária para a realização deste momento único do nascimento”, esclarece o Hospital Iamada. “Em nossa maternidade, as gestantes encontram ambientes planejados para ambas as escolhas. Para o parto normal, possuímos um quarto específico que conta com equipamentos e acessórios que podem auxiliá-la durante o processo. Além de todo o suporte da nossa equipe, possuímos profissionais credenciados conosco, como as doulas e enfermeiras obstetras, que costumam acompanhar muitas pacientes que optam pelo parto normal”, complementa a instituição de saúde.
Para as cesáreas, o Hospital Iamada ainda explica que dispõe de espaços específicos, como aqueles para o parto assistido, no qual família pode compartilhar o momento do nascimento junto com os pais. “Para apoiar a gestante durante as escolhas e garantir que estas sejam respeitadas, realizamos visitas guiadas na maternidade para apresentação dos espaços e o suporte de nossos profissionais para o preenchimento do Plano de Parto”, finaliza.
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), por meio de seu Departamento Científico de Neonatologia, afirma que parto normal é o mais indicado em comparação à cesariana. Por isso, afirma que, desde o período pré-natal, os obstetras se empenham para que a criança venha ao mundo da maneira mais natural possível, ou seja, por parto vaginal, como via preferencial, desde que não seja identificado risco obstétrico ou neonatal no pré-natal ou durante o acompanhamento do trabalho de parto que contraindique o procedimento.
“A OMS [Organização Mundial de Saúde] recomenda que a cesariana só seja realizada quando existe justificativa médica, ou seja, nos casos em que o parto vaginal colocaria em risco a saúde da mãe ou do bebê”, comenta a SBP. Entre as principais indicações para os procedimentos cirúrgicos, cita: pressão arterial materna elevada, comprometimento do crescimento fetal, primeira gestação com feto sentado, gestação gemelar, problemas com a placenta ou com o cordão umbilical, sofrimento fetal e por desproporção céfalo-pélvica, pois isso dificulta o feto passar pela bacia materna mesmo com contrações uterinas.
Daí a importância do diálogo constante entre médico e paciente para chegar na melhor decisão sobre cada caso, como detalha a ginecologista e obstetra, Marina Ayabe Gomes Moraes. “A paciente geralmente decide a via de parto junto com o médico. Ela, sim, deve escolher a via de parto que estiver mais confortável e segura, mas devem ser conversados sempre o pró e o contra. Então, a decisão é sempre conjunta”, ressalta.