Celebrar o ano-novo não combina com sofrimento dos mais vulneráveis

EDITORIAL - DA REDAÇÃO

Data 29/12/2024
Horário 05:15

Os fogos de artifício, com suas cores vibrantes e luzes deslumbrantes, são símbolos tradicionais de celebrações como o ano-novo. No entanto, o som ensurdecedor que acompanha esses espetáculos muitas vezes causa sofrimento a uma parcela significativa da população e aos animais. O debate sobre os impactos negativos desse hábito cultural cresce a cada ano, levantando questões sobre a necessidade de equilíbrio entre tradição e respeito ao próximo.

Para os animais, especialmente cães e gatos, o som dos fogos pode ser devastador. Sua audição sensível amplifica o impacto do barulho, provocando crises de pânico, fugas desesperadas, acidentes e até mesmo paradas cardíacas. Da mesma forma, pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down, que frequentemente apresentam sensibilidade auditiva exacerbada, sofrem com o barulho excessivo, que pode desencadear crises de ansiedade e sobrecarga sensorial. Idosos e bebês também estão entre os mais afetados, sendo o barulho um fator de desconforto e estresse.

Várias cidades brasileiras, a exemplo de Presidente Prudente e Álvares Machado, têm adotado legislações que proíbem ou restringem o uso de fogos de artifício barulhentos, promovendo os chamados fogos silenciosos, que mantêm o espetáculo visual sem os danos do som excessivo. No entanto, ainda há desafios na fiscalização e no cumprimento dessas leis, além de resistências culturais por parte de uma parcela da população.

Promover a conscientização sobre os impactos negativos dos fogos barulhentos é essencial para que haja uma mudança de comportamento. Precisamos exercitar a empatia, colocando-nos no lugar de quem sofre com o som ensurdecedor durante as festas. O uso de alternativas, como fogos silenciosos, drones iluminados e projeções de luzes, já demonstrou ser igualmente belo e emocionante, mas sem causar danos aos mais vulneráveis.

Celebrar o ano-novo é uma oportunidade de renovação, esperança e união. Porém, essa comemoração não deve ser motivo de sofrimento para animais, crianças, idosos ou pessoas com condições sensoriais específicas. Ao repensarmos nossas tradições, podemos encontrar formas de celebrar que respeitem a diversidade e o bem-estar de todos, demonstrando que, como sociedade, valorizamos a inclusão, o respeito e a empatia.

Neste ano-novo, que tal optar por uma festa silenciosa e cheia de luz, onde todos possam participar sem medo ou desconforto? Afinal, o verdadeiro brilho das celebrações está em tornar esses momentos significativos e acessíveis a todos.

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