Catequese sobre a Viagem Apostólica ao Iraque

Diocese Informa

COLUNA - Diocese Informa

Data 14/03/2021
Horário 05:05

Nos últimos dias, o Senhor concedeu-me visitar o Iraque, realizando um projeto de São João Paulo II. Nunca antes um papa tinha estado na terra de Abraão; a Providência quis que isto acontecesse agora, como sinal de esperança, após anos de guerra e terrorismo e durante uma dura pandemia.
Depois desta visita, a minha alma está cheia de gratidão. Gratidão a Deus e a todos aqueles que a tornaram possível: ao presidente da República e ao governo do Iraque; aos patriarcas e bispos do país, com todos os ministros e fiéis das respetivas Igrejas; às autoridades religiosas, começando pelo Grão-Aiatolá Al-Sistani, com quem tive um encontro inesquecível na sua residência em Najaf.
Experimentei o forte sentido penitencial desta peregrinação: não podia aproximar-me daquele povo martirizado, daquela Igreja mártir, sem carregar, em nome da Igreja católica, a cruz que eles carregam há anos; uma grande cruz, como aquela colocada à entrada de Qaraqosh. Senti-o de forma particular quando vi as feridas ainda abertas da destruição, e ainda mais quando conheci e ouvi as testemunhas que sobreviveram à violência, à perseguição e ao exílio... E ao mesmo tempo vi ao meu redor a alegria de acolher o mensageiro de Cristo; vi a esperança de se abrir a um horizonte de paz e fraternidade, resumida nas palavras de Jesus, que foram o lema da Visita: «Sois todos irmãos» (Mt 23,8). Vi esta esperança no discurso do presidente da República, encontrei-a em muitas saudações e testemunhos, nos cânticos e nos gestos das pessoas. Li-a nos rostos luminosos dos jovens e no olhar vivaz dos idosos. Gente que esperava o papa há cinco horas, em pé… inclusive mulheres com os filhos no colo… aguardavam, e nos seus olhos havia esperança.
O povo iraquiano tem o direito de viver em paz, tem o direito de voltar a encontrar a dignidade que lhe pertence. As suas raízes religiosas e culturais são milenares: a Mesopotâmia é berço de civilização; na história, Bagdá foi uma cidade de importância primordial, que durante séculos albergou a biblioteca mais rica do mundo. E o que a destruiu? A guerra. A guerra é sempre o monstro que, na medida em que os tempos mudam, se transforma e continua a devorar a humanidade. Mas a resposta à guerra não é outra guerra, a resposta às armas não são outras armas. E perguntei-me: quem vendia as armas aos terroristas? Quem vende hoje as armas aos terroristas, que estão a perpetrar massacres noutras partes, pensemos na África por exemplo? É uma pergunta à qual gostaria que alguém respondesse. A resposta não é a guerra; a resposta é a fraternidade. Eis o desafio para o Iraque, mas não só: é o desafio para muitas regiões de conflito e, definitivamente, é o desafio para o mundo inteiro: a fraternidade. Seremos capazes de fazer fraternidade entre nós, de fazer uma cultura de irmãos? Ou continuaremos com a lógica iniciada por Caim, a guerra? Irmandade, fraternidade.
Por isso, cristãos e muçulmanos, encontramo-nos e rezamos com representantes de outras religiões em Ur, onde Abrão recebeu a chamada de Deus há cerca de quatro mil anos. Abrão é pai na fé porque ouviu a voz de Deus que lhe prometia uma descendência, deixou tudo e partiu. Deus é fiel às suas promessas e ainda hoje guia os nossos passos de paz, orienta os passos daqueles que caminham na Terra com o olhar voltado para o Céu. E em Ur, enquanto estávamos juntos sob aquele céu luminoso, o mesmo céu em que o nosso pai Abrão viu a nós, sua descendência, no nosso coração parecia ressoar esta frase: Sois todos irmãos. (...)
Queridos irmãos e irmãs, louvemos a Deus por esta visita histórica e continuemos a rezar por aquela Terra e pelo Médio Oriente. No Iraque, apesar do fragor da destruição e das armas, as palmeiras, símbolo do país e da sua esperança, continuaram a crescer e a dar frutos. É assim a fraternidade: como o fruto das palmeiras, não faz barulho, mas é fecunda e faz crescer. Deus, que é paz, conceda um futuro de fraternidade ao Iraque, ao Médio Oriente e ao mundo inteiro! [papa Francisco, 10/3/2021]

Liturgia
4º Domingo da Quaresma (Laetere – “da alegria)

Leituras: 2 Crônicas 36,14-16.19-23; Salmo 136/137; Efésios 2,4-10; João 3,14-21: Deus nos ama
I.- Antífona de entrada: Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações. (Is 66,10s)
II.- DEUS AMOU TANTO O MUNDO. Se fôssemos mesmo conscientes do quanto Deus nos ama, como poderíamos ficar indiferentes diante d’Ele? Se crêssemos que Ele nos tornou dignos de amor, como não colocaríamos a nossa confiança n’Ele? Ele não nos força; simplesmente nos convida: “Este é o meu amor para você; você aceita minha vida e meu amor? Quer compartilhar meu amor com outros amando-os também?” Qual resposta damos a Deus, por meio de Jesus Cristo?
III.- Leituras: 1) Deus dá ao seu povo novas oportunidades. Mesmo quando Deus castiga o seu povo com o exílio, Ele não pode deixar de ser fiel, ou ser menos fiel. Até mesmo pagãos são requisitados para devolver ao seu povo a Terra Prometida. 2) Tudo é graça. Por sua Graça, Deus salvou o seu povo do exílio. Outra vez, pela graça de Deus, seu Filho Jesus nos salva da morte do pecado. No plano de Deus tudo é um dom gratuito da sua graça. 3) Salvos pela cruz de Cristo. Jesus tinha que morrer na cruz para nos salvar e para nos dar a vida eterna, pois Ele veio ao mundo por amor não para condenar, mas para resgatar e salvar.
IV.- Citação: “Quem não pagará com amor a quem assim nos ama?” (São Boaventura)
V.- Oração: Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e exultando de fé.
 

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