Caso de leishmaniose confirmado em criança de Caiuá serve de alerta

EDITORIAL - DA REDAÇÃO

Data 20/10/2024
Horário 05:55

A leishmaniose visceral é uma das doenças tropicais mais graves enfrentadas pelo Brasil e outros países com clima favorável à proliferação do mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), seu principal vetor. Este parasita, transmitido por um inseto tão pequeno quanto perigoso, coloca em risco a vida de milhares de pessoas, especialmente em regiões de baixa renda, onde as condições sanitárias são precárias. Como noticiado por este diário, a Secretaria de Saúde de Caiuá confirmou um caso de leishmaniose visceral em um menino de dois anos.

Embora tenha tratamento, a doença pode ser fatal se não diagnosticada precocemente, e as estatísticas continuam alarmantes. Diante disso, é fundamental que ampliemos a conscientização sobre a leishmaniose, os cuidados preventivos e a importância da vigilância contínua.

A leishmaniose visceral não é uma doença que deve ser tratada com leveza. Seus efeitos devastadores atingem órgãos como o fígado, o baço e a medula óssea, além de comprometer gravemente o sistema imunológico. Se não for identificada e tratada a tempo, a infecção pode ser fatal em mais de 90% dos casos, especialmente em populações vulneráveis, como crianças, idosos e indivíduos com condições imunossupressoras, como portadores de HIV/aids. Este cenário é particularmente preocupante em áreas rurais e urbanas com alta densidade de transmissão, onde muitas vezes os serviços de saúde são insuficientes para atender à demanda e o diagnóstico tardio ainda é comum.

Além do impacto direto na saúde humana, a leishmaniose visceral afeta também os cães, importantes reservatórios da doença. Os animais infectados podem servir como fontes de infecção para os mosquitos, perpetuando o ciclo de transmissão e aumentando o desafio para os órgãos de saúde pública. O controle da doença, portanto, precisa ser feito de forma integrada, abrangendo ações de vigilância, prevenção e tratamento tanto para seres humanos quanto para os animais.

Um dos principais obstáculos no combate à leishmaniose visceral é a falta de conscientização. Muitas pessoas, mesmo em áreas endêmicas, desconhecem os riscos que a doença representa e como ela é transmitida. Este cenário reforça a urgência de campanhas de informação e educação sobre a prevenção da doença. É essencial que as autoridades de saúde realizem ações contínuas, não apenas em momentos de crise, mas como uma estratégia preventiva de longo prazo.

A população deve ser informada sobre a importância do uso de repelentes, principalmente em regiões onde o mosquito-palha é comum. Além disso, a instalação de telas de proteção em janelas e portas, o uso de roupas adequadas que cubram a maior parte do corpo e a limpeza de áreas externas para evitar o acúmulo de matéria orgânica – ambiente propício para a proliferação do inseto – são medidas que podem reduzir significativamente o risco de infecção.

A prevenção é a melhor estratégia para evitar a leishmaniose visceral. Além dos cuidados pessoais, é necessário um esforço coletivo para controlar a disseminação do mosquito-palha. As prefeituras e órgãos de controle de endemias precisam intensificar o uso de inseticidas nas áreas afetadas e promover campanhas de vacinação e uso de coleiras repelentes em cães, que são uma das principais fontes de infecção para os mosquitos.

O papel dos cidadãos também é crucial. A adoção de medidas simples, como manter o ambiente limpo, evitar o acúmulo de lixo e proteger os animais de estimação, pode ter um grande impacto na diminuição da proliferação do mosquito-palha. No entanto, isso só será possível se houver uma conscientização ampla e contínua.

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