A região de Presidente Prudente contabilizou 32 ataques por serpentes no ano passado. Conforme dados atualizados em 6 de dezembro pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), da Secretaria Estadual de Saúde, foram 18 acidentes na área do GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) de Presidente Venceslau e 14 na circunscrição do GVE de Prudente. O maior número de ocorrências foi causado por cascavéis, com 14 ataques, o que corresponde a 43,75% do quantitativo; e jararacas, responsáveis por 10 (31,25%). Houve dois atendimentos em que as serpentes não eram peçonhentas e seis nos quais a denominação não foi identificada (veja dados detalhados na tabela).
O GVE de Venceslau engloba 21 municípios da região, enquanto o de Prudente abrange 24, totalizando as 45 cidades atendidas pelo DRS-11 (Departamento Regional de Saúde).
O biólogo Pablo Edini explica que cascavéis e jararacas são serpentes com comportamentos muito defensivos, ou seja, reagem com facilidade a qualquer coisa que possa vir a ameaçá-las. “Basta se aproximar delas que se sentirão em perigo e irão se defender para garantir a sua sobrevivência. Serpentes não atacam sem motivo aparente”, denota.
Nesse sentido, o profissional orienta que, ao ver uma serpente, o indivíduo evite contato e jamais tente manusear, pegar ou adotar qualquer outra ação que possa fazer com que ela ataque ou fuja para outro local que ofereça mais riscos. Pablo destaca que, em ambientes urbanos, o ideal é acionar órgãos responsáveis pela captura, como o Corpo de Bombeiros, e nunca matá-la. “Assim, ela será solta em uma área natural e seguirá cumprindo suas funcionalidades ecológicas”, completa.
Se porventura houver um acidente e a pessoa envolvida seja picada, é preciso procurar o hospital mais próximo e, se possível, ter uma foto ou descrição do animal. Isso facilitará a prescrição do soro, que é específico para cada tipo de serpente.
Pablo esclarece que, nas cascavéis, o veneno tem ação neurotóxica (envenenamento do sistema nervoso central), miotóxica (lesões nas fibras musculares esqueléticas) e coagulante, gerando até as primeiras seis horas após a picada sintomas como sonolência, inchaço, problemas na visão, dores musculares e insuficiência respiratória e renal. Nesse caso, será utilizado no tratamento o soro anticrotálico.
Já nas jararacas, a peçonha tem ação hemorrágica, proteolítica (necrose tecidual devido à decomposição das proteínas) e coagulante. Até seis horas após a picada, surgem sintomas de sangramento no local do ataque, nariz ou gengiva, inchaço, dor intensa e calor, podendo evoluir para bolhas, manchas escuras e insuficiência renal aguda. Para este tipo de serpente, se usa o soro antibotrópico específico.
Em casos de acidentes envolvendo cobras peçonhentas, o CVE aponta que o soro antiofídico contra ataques de jararaca e cascavel está disponível no Hospital Municipal de Iepê; Santa Casa de Misericórdia de Martinópolis; HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo e Santa Casa de Misericórdia, em Prudente; Hospital Maternidade de Rancharia; Hospital de Caridade Anita Costa de Santo Anastácio; Santa Casa de Misericórdia de Dracena; Pronto Atendimento Municipal de Euclides da Cunha Paulista; Santa Casa de Misericórdia de Junqueirópolis; Pronto Atendimento Municipal de Mirante do Paranapanema; Pronto Atendimento Municipal de Panorama; Santa Casa de Misericórdia de Presidente Epitácio; Santa Casa de Misericórdia de Presidente Venceslau; Hospital Regional de Porto Primavera, em Rosana; Hospital Regional de Teodoro Sampaio; e Santa Casa de Misericórdia de Tupi Paulista.
Já o soro antielapídico, voltado para ataques de corais, é disponibilizado apenas no HR e na Santa Casa, em Prudente. No ano passado, não foram registrados acidentes envolvendo esta serpente na região.
Número de ataques por serpentes na região de Prudente
GVE de ocorrência |
Jararaca |
Cascavel |
Coral |
Não peçonhenta |
Ignorado/branco |
Total |
Presidente Prudente |
2 |
9 |
0 |
1 |
2 |
14 |
Presidente Venceslau |
8 |
5 |
0 |
1 |
4 |
18 |
Total |
10 |
14 |
0 |
2 |
6 |
32 |
Fonte: Centro de Vigilância Epidemiológica
Foto: Paulo Henrique Rodrigues Dale Vedove Moreno
Jararacas foram responsáveis por 10 ataques na região em 2022