Desde março, as casas noturnas estão fechadas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Os estabelecimentos, conhecidos por proporcionar momentos de lazer e diversão aos apaixonados pela noite, serão os últimos a retornarem às atividades, conforme o Plano de Retomada das Atividades Econômicas no Estado de São Paulo. Apesar do prejuízo financeiro gerado aos proprietários e organizadores de eventos, a expectativa é positiva para a reabertura das portas.
Aristeu Penalva é administrador da boate Seu Bastião, em Presidente Prudente. Ele conta que conversou com fontes científicas que estimaram a volta das atividades do segmento para o final do ano, mais precisamente entre novembro e dezembro. Com faturamento zerado há quase 200 dias, assim como muitos empresários teve que reduzir os gastos. “Mantivemos o mínimo necessário para manter o estabelecimento vivo”, afirma.
MANTIVEMOS O MÍNIMO NECESSÁRIO PARA MANTER O ESTABELECIMENTO VIVO
Aristeu Penalva
A pandemia também refletiu no cancelamento de contratos com empresas que prestavam serviços, e na demissão dos servidores. Para Aristeu, foi um momento difícil. “Muito triste dispensar ótimos funcionários, e agora, assistir nossos amigos artistas passando dificuldades sem nenhuma oportunidade de trabalho”, lamenta. “Estamos juntos nessa luta por uma volta em breve”, considera o administrador, que tem apostado em redes sociais e eventos solidários para manter a atividade da casa, mesmo sem retorno financeiro.
Para o empresário do ramo de entretenimento e casa noturna, Guilherme Piai Filizolla, parar as atividades “foi um choque”. “Ninguém esperava que esse vírus fosse chegar da maneira como chegou”, afirma. Responsável por trazer artistas famosos em diversos eventos da região, conta que também precisou fazer acertos com todos os funcionários, situação que, apesar de triste, foi compreendida pela equipe.
“As pessoas estão se virando do jeito que dá. Fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar [com as atividades]”, lamenta.
De maneira geral, todos os empresários foram pegos de surpresa com a paralisação. E aqueles que já enfrentavam problemas financeiros tiveram a situação agravada. “Nós sempre tomamos muito cuidado na questão de fazer um fundo de reserva para a casa, justamente para uma eventual causa”. É o que afirma a sócia-proprietária da New York Lounge, Fabiana Ishida, que comanda duas boates no Paraná e uma em Prudente.
Ela conta que a reserva feita pode segurar os gastos por aproximadamente seis meses, mas que depois disso terá que repensar no que fazer. Ou seja, já está no limite. Desde março, custos foram reduzidos, funcionários desligados, o que também refletiu nas contas pessoais das sócias das casas. Um bar que Fabiana tinha em Londrina (PR) precisou encerrar as atividades, mas ela não descarta uma possível reabertura em outro espaço. “Coloquei na balança e pensei que poderia ficar sem a despesa”, comenta.
“Apesar de tudo, a galera se uniu nesse setor, e tem que se ajudar mesmo”, salienta. “Procuro pensar pelo lado positivo, porque não tem muito o que fazer, além do que cuidar da saúde da empresa”.
Fotos: Cedidas
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