Casa nova em oito dias

OPINIÃO - José Renato Nalini

Data 27/08/2024
Horário 05:00

Que tal uma casa nova feita em apenas oito dias? É o que se consegue mediante impressão das paredes em 3D. Experiência levada a efeito num centro de desenvolvimento tecnológico em Nova Lima, região da grande Belo Horizonte. A façanha deriva de um software avançado e um robô. A máquina 3D imprimiu, em quatro dias, toda a estrutura e os elementos necessários à montagem de um imóvel com 57 metros quadrados. 
Tudo lembra um brinquedo de montar, só que é uma casa com dois quartos, feita em dois dias. Outros dois dias foram necessários para o acabamento e decoração. Ergueu-se uma casa ao custo de R$ 120 mil, só que sem a demora, nem a produção de resíduos acarretada pela construção civil convencional.
Forma limpa e sustentabilidade convencem a validade do projeto. Não houve desperdício de material. Além disso, a segurança: as paredes foram impressas em camadas de microconcreto de alta resistência e foram conectadas por estruturas de aço.
Uma excelente notícia para os que estão, a cada momento, mais aflitos com a mudança climática. A construção civil é responsável por 40% das emissões de gás carbônico e seu índice de desperdício chega a 30%. Sem falar no volume de combustíveis, energia, cimento e água utilizados.
A nova casa foi desenvolvida pela Cosmos 3D, uma joint venture formada pela Katz Construções e a empresa espanhola IT3D. A impressão da casa gera zero resíduo em comparação ao setor tradicional. O que leva à conclusão de que, a cada três casas construídas, uma é desperdiçada. Atenção responsáveis pela habitação, um direito social previsto na Constituição e do qual milhões de brasileiros ainda não conseguem usufruir. Não será essa a solução para o déficit habitacional brasileiro?
Avalia-se que faltem, no Brasil, ao menos 7 milhões de novas residências. Não é impossível ganhar escala. A impressora da Cosmos 3D possui tecnologia in-house, o que permite que o processo de confecção da edificação ocorra internamente, reduzindo custos e aumentando a velocidade de entrega dos projetos aos clientes. A ideia é disruptiva e interessante. Por que os prefeitos das cidades carentes de residência não encaram o desafio e não solucionem o problema em seus municípios?

 

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