Na manhã de hoje ocorreu mais uma mobilização de lojas de automóveis de Presidente Prudente e região que, ao som das buzinas e do Hino Nacional, se uniram em uma carreata com aproximadamente 400 veículos pelas principais ruas e avenidas do município para protestar, enfatizar o descontentamento, segundo os participantes, com a “medida descabível” do governo estadual pelo aumento de 207% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de carros usados no Estado de São Paulo. De acordo com um dos membros da organização local, Paschoal Diniz Navarro, da Diretta Veículos, este movimento tem como objetivo chamar a atenção do governo para que volte atrás dessa decisão “arbitrária absurda” em um momento dos mais críticos economicamente que o país atravessa.
“Esse reajuste do ICMS é inadmissível. Nós queremos saber de onde foi que o governador João Doria [PSDB] tirou esses números. Isso é inconcebível. Precisamos dizer não a esse governador. Ninguém vai suportar esses impostos”, pontua o organizador. Para esclarecer melhor como esse reajuste tem impactado tanto para o empresário quanto para o trabalhador, Fernando Alves, 40 anos, proprietário da Fortcar Veículos, explica que esse reajuste é cobrado sobre o valor da venda e não sobre a margem. O que dá um impacto muito maior. Ele exemplifica: “a loja trabalha com uma margem de 12%, se você tem um carro de R$ 50 mil, tem uma margem de R$ 6 mil. Parece bastante, certo? Mas aí, a loja vai fazer uma revisão, pintar o para-choque, trocar um escapamento, ou uma bateria e assim por diante”.
Logo, segundo Fernando, a margem diminui para R$ 4 mil a R$ 3,5 mil. “O imposto federal que a gente pagava nesse carro era em torno de R$ 600 a R$ 700 e R$ 900 estadual. Então, eram R$ 1,5 mil, R$ 1,6 mil. Na mudança de 1,8 % para 5,53 %, o ICMS de R$ 900 vai para R$ 2.763. Mais o federal, nós vamos pagar R$ 3,5 mil, R$ 3,6 mil de imposto. O que sobra para a loja? Nada. Então, o custo hoje do segmento de veículo formal, legalizado, infelizmente, na proporção que ele aumentou, se tornou inviável. A gente acredita que seja um aumento que não foi pensado. Porque 207% é para acabar com o segmento”, lamenta o sócio-proprietário da FortCar Veículos.
Conforme Fernando, Paschoal é o porta-voz do grupo que conta com 80 lojistas de Prudente e região, deste movimento que está ocorrendo em todo o Estado. A mobilização de ontem foi a terceira carreata na região nos últimos 10 dias, sendo a primeira só de veículos usados no Estado inteiro.
O movimento está contando com o apoio da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículo Automotores), que tenta negociar diretamente com o governo. Mas, segundo Fernando, até o momento, parece não ter obtido sucesso. “Vamos continuar fazendo de tudo que pudermos para que o governo reveja essa situação”, pontua Fernando.
O trânsito foi controlado pela Polícia Militar, Helicóptero Águia, e Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública). Apesar do grande número de veículos que participou do ato, a circulação seguiu normalmente.
Em nota na última carreata, no dia 14, a Secretaria de Estado da Fazenda e Planejamento disse que o objetivo do ajuste fiscal é proporcionar ao Estado recursos para fazer frente às perdas causadas pela pandemia. “A medida, garantida pela Constituição, é necessária. Por quase três décadas, os veículos novos e usados se beneficiaram com renúncias fiscais de até 98%, em relação à alíquota de 18% praticada no Estado. Com o ajuste fiscal, os carros 0 km, que pagavam 12%, passarão a pagar 13,3% de imposto a partir de 15 de janeiro e 14,5% a partir de abril. Já os usados, que tinham carga tributária de 1,8%, pagarão 5,5% a partir de 15 de janeiro e 3,9% a partir de abril”.
Foto: Ilustração
Foto: Cedida
Paschoal Diniz é o porta-voz do grupo de 80 lojistas que compõem o grupo de Prudente e região
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