Há 72 anos, um dos pontos mais visitados no Dia de Finados no Cemitério Municipal São João Batista, com cerca de 1,5 mil pessoas, é o túmulo da menina Berta Lúcia, que nasceu no dia 15 de novembro de 1939 vindo a falecer ainda pequenina, em 1944, após uma forte febre acompanhada de vômito e o diagnóstico de meningite. Muitas pessoas acreditam que ela seja como uma santa, e de acordo com sua irmã Eliana Galvão Martinelli, 63 anos, estão levantando testemunhos de graças recebidas para preparação de documentação e pedido de beatificação. Como sempre, durante todo o dia, filas se formaram para entrar no local em que fieis demonstram fé e devoção e depositam em sua capelinha, brinquedos, roupas, fotos, entre outros vários objetos, como um pedido ou forma de agradecimento por uma bênção recebida, um milagre materializado.
Na capelinha, fieis devotos fazem pedidos e agradecimentos
Como explica a irmã, foi assim que tudo começou. Quando ela nasceu, a irmã já havia falecido, mas a mãe, uma doméstica, sempre lhe contava como Berta era uma criança de bom coração, de uma humildade que emocionava a todos. E que ela intercedeu por sua vida quando sofrera um acidente doméstico.
"Mamãe disse que certo dia eu estava deitada em um colchãozinho, na cozinha, quando a panela de feijão explodiu e fiquei coberta por todo o líquido e grãos. Desesperada, ela clamou por Nossa Senhora Aparecida e por Berta, pedindo que intercedessem junto a Jesus Cristo por mim. Ela já sofria com a partida de Berta e não queria ficar sem mim também. Quando me lavaram, nenhuma marca existia em meu corpo, sequer uma manchinha vermelha!", exclama Eliana.
A luz do céu
A irmã de Berta conta que três dias antes da garotinha falecer, ela disse à mãe que estava indo a Jesus Cristo em busca de, ao seu lado, olhar por aqueles que eram movidos pela fé. "É o que cremos, e o que essas pessoas que acreditam no poder da fé e da oração entendem. Berta foi para Jesus. Ela voltou ao Pai", denota Eliana.
Funcionária pública, Vânia Passarelli assim acredita. "Há muitos anos venho visitar a capela. Todas as vezes que oro lhe pedindo qualquer coisa, fui atendida. Estou aqui com minhas filhas, Maria Clara e Carol, para que elas sigam e tenham essa fé em seus corações", frisa a funcionária pública.
Saindo da capelinha, a aposentada Lina Rosa da Costa, 71 anos se mostrava emocionada. "O poder da fé move montanhas. Se cremos no amor de Deus e em seu poder, tudo é possível", enfatizou dona Lina.