Cão vítima de maus-tratos está sob os cuidados de novos donos

Animal, castrado de forma irregular no mês passado, em uma república universitária de Prudente, foi adotado por amigos e, ainda, ganhou um novo companheiro: o Batata

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 04/07/2021
Horário 03:35
Foto: Weverson Nascimento
História do cachorro sensibilizou a todos
História do cachorro sensibilizou a todos

O cachorro que foi vítima de maus-tratos em uma república universitária em Presidente Prudente já está em um novo lar. Depois de passar alguns dias em recuperação em uma clínica veterinária, o cão, castrado de maneira irregular e que estava sob a tutela da ONG (organização não-governamental) Beco da Esperança, ganhou uma nova família.

“Adoro cachorro! Tenho mais consideração por ele do que pelo ser humano”, é o que afirma o jornalista e empresário, Leandro Gimenes, de Prudente. Ele conta que acompanhou toda a história do animal, que manteve o mesmo nome, Bud, e que se sensibilizou com o ocorrido. “Entrei em contato com o Beco da Esperança, com os veterinários e consegui a adoção. Foi uma batalha, mas deu tudo certo”, afirma. 

Além dos novos donos, Bud também ganhou um novo companheiro: o Batata, que é o outro cão que mora com Leandro e com o amigo Felipe. “Não gosto que os animais fiquem sozinhos, prefiro ter no mínimo dois. Desde que chegou em casa já foi se adaptando, ele e o Batata já fizeram amizade, estão brincando”, explica. “Vamos cuidar dele o melhor possível”, salienta o proprietário.


Weverson Nascimento - Além dos novos donos, Bud também ganhou um novo companheiro: o Batata

Castração irregular

A castração irregular ocorreu no dia 14 de junho, em uma república universitária no Jardim Vale do Sol, e foi gravada e transmitida em uma rede social. Após o vídeo viralizar, na mesma noite, militares da 3ª Companhia de Policiamento Ambiental resgataram o animal. Quando a equipe chegou ao endereço, os responsáveis já não estavam mais na residência. No entanto, foram identificados como estudantes dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia. O grupo foi expulso da universidade após o caso.

Conforme a Polícia Ambiental, um médico veterinário acompanhou a ocorrência, bem como um membro do Conselho Municipal de Proteção Animal e presidente do grupo de proteção animal Beco da Esperança, que ficou responsável pelo cão até sua total recuperação.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil já ouviu três dos quatro investigados. Os vídeos gravados no momento da castração irregular ainda estão sendo analisados. O delegado responsável pela investigação, Mateus Nagano da Silva, da CPJ (Central de Polícia Judiciária), afirma que também já colheu depoimentos dos policiais militares que participaram da ocorrência. O quarto indivíduo acusado, apontado como o responsável por realizar a cirurgia, deve ser ouvido nos próximos dias.

De acordo com Nagano, os investigados relataram que o cachorro estava em estado de abandono, e que foi adotado pelo morador da república, que foi quem gravou os vídeos. Em depoimento, disseram que o cão estava “muito rebelde”, e “danificando bens do imóvel”. Conforme o trio, a atitude do animal teria motivado o dono a decidir pela castração.

“Falaram que adotaram todos os procedimentos de higiene, que sabem que o local não é adequado para fazer esse tipo de cirurgia”, explica Nagano. “Disseram que não houve a intenção de maltratar o animal, e entendem que gerou grande repercussão pelo fato de o proprietário ter gravado [a cirurgia] em tempo real e compartilhado na rede social”. 

Os quatro acusados serão indiciados por maus-tratos. Conforme o artigo 32 da Lei 9.605/1998, a ação é considerada crime. De acordo com o texto, “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” prevê pena de detenção que varia de três meses a um ano, e multa. A mesma pena é aplicada a quem realiza “experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos”.

Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas será de reclusão, de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.


Weverson Nascimento - Bud recebeu atendimento veterinário após ser resgatado 


Reprodução/Instagram - Animal foi resgatado após vídeo circular na internet

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