Há mais ou menos dois anos, dona Cleodete de Souza, 66 anos, recebeu a notícia de que precisaria usar uma cadeira de rodas para se locomover, por consequências causadas pela artrite e artrose em seu organismo. Com o orçamento apertado, no entanto, ela encontrou em uma cadeira de escritório, aquela com rodinhas, a solução para um problema que segue até hoje. Recentemente, porém, a vida de dona Cleodete ganhou um novo capítulo e uma nova conquista: graças à campanha Descarte Solidário, agora ela tem uma cadeira de rodas novinha, e que é só motivos de felicidade. “Me sinto muito grata e feliz por saber que tudo vai mudar agora”. A campanha em questão é destinada ao recolhimento de cartelas de remédios vazias, ato que se transforma em troca por cadeiras de rodas.
A campanha é idealizada pela Rede Amor e Esperança, que depois de um ano e sete meses de coleta conseguiu realizar a doação da primeira cadeira. Para isso, foi preciso recolher 3,5 mil quilos de cartelas. “Estamos muito felizes com essa conquista. Sabemos que esse período de um ano e sete meses poderia ser bem menor, mas nem 50% da população têm participado, muitas vezes, por não conhecer a iniciativa mesmo”, afirmou Eudes Elias da Silva, responsável pela organização sem fins lucrativos. A troca dos materiais pela cadeira é feita pela empresa Eccoplastic - Tecnologia em Recuperações de Blisters.
Além disso, durante a pandemia, outro fator fez com que diminuíssem as coletas: diversos pontos romperam com a parceria, o que fez com que a rede buscasse junto à Cooperlix (Cooperativa Trabalhadores Produtos Recicláveis de Presidente Prudente) uma solução. “Agora, as pessoas poderão destinar junto com seus produtos recicláveis as cartelas de remédios vazias. Pedimos que, se possível, a população separe os materiais em uma sacola e apenas depois de juntar por um período, para que seja uma quantidade grande e fácil de identificar na hora da reciclagem”, comenta Eudes.
O resultado de todo esse trabalho é visto não apenas na entrega da cadeira, mas também nos sentimentos que essa ação causou. Em conversa com a reportagem, era nítida a sensação de gratidão no tom de voz de dona Cleodete. Simpática e com o astral lá em cima – o que mostra o poder de não se deixar abalar pelas situações da vida – ela logo começou a entrevista com a fala de que não poderia ter ocorrido algo melhor do que a doação da cadeira de rodas. “Eu deixava de sair de casa por saber que seria um trabalho muito grande me locomover e não queria dar trabalho às pessoas. Até porque, eu só tinha a cadeira de computador para usar”.
A escolha dela como primeira beneficiada da campanha veio com a ajuda do sobrinho Tiago, que durante aulas remotas, soube, por meio da professora, sobre o andamento da campanha. “Estou maravilhada por saber que ele pensou em mim na hora de ajudar e sugeriu que eu fosse a contemplada. É óbvio que eu amaria não precisar desse suporte, mas já que minha condição física exige, estou feliz em poder viver este momento com conforto, já que eu não tinha condições antes de comprar uma cadeira melhor”.
SERVIÇO
Você também pode fazer parte dessa rede de amor e esperança. Além de destinar as cartelas na sua reciclagem junto à Cooperlix, é possível se inscrever como um dos pontos de coleta das cartelas. Para mais informações, basta ligar para o número (18) 99690-8385.
Foto: Cedida/Eudes Elias da Silva
Esta é a primeira cadeira de rodas conquistada com a iniciativa
Foto: Cedida
Dona Cleodete com a nova cadeira