A Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar) promove, em Presidente Epitácio, a campanha Bosques da Memória, que estimula o plantio em homenagem às vítimas da Covid-19 e em agradecimento aos profissionais de saúde. Promovida em todo o país, a ação busca o plantio de 200 mil árvores, sendo cada uma delas agraciada com uma placa de identificação da espécie e o nome da pessoa que faleceu em decorrência do novo coronavírus. Em Presidente Epitácio, o plantio ocorre em uma área de 1,2 hectare dentro do Parque Apoena e a estimativa é ter 2 mil árvores no local.
O ano de 2020 foi difícil devido à pandemia, que parou o mundo causando inúmeras mortes, além da crise climática e às tragédias ambientais, como incêndios que destruíram diversas florestas no Brasil. O presidente da Apoena, Djalma Weffort, explica que a campanha, como já mencionada, visa homenagear os profissionais da saúde, personagens importantes neste período de pandemia, além daqueles que partiram em decorrência da doença. “Ao participar desta campanha, a pessoa terá uma referência/lembrança de um ente falecido em uma árvore. A árvore representa o renascimento e a vida, ela não trará a pessoa de volta, mas vai servir como um conforto, pois muitas pessoas nem sequer se despediram diante das restrições sanitárias de prevenção à Covid-19”.
Já com relação aos incêndios, Djalma detalha que o ano de 2020 se tratou de um dos piores em queimadas no oeste paulista. Logo, a campanha chama atenção sobre a violência sofrida pela biodiversidade em decorrência de situações, muitas vezes, ilegais.
A campanha da Apoena é uma promoção conjunta com a RMA (Rede de ONGs da Mata Atlântica), RBMA (Reserva da Biosfera da Mata Atlântica) e Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. A iniciativa está aberta às pessoas e instituições interessadas, contando, desde o início, com várias entidades parceiras como a AMLD (Associação Mico-Leão-Dourado).
É também um espaço de divulgação de outras iniciativas que tem o mesmo objetivo e que vem sendo desenvolvidas por famílias, grupos e instituições. A campanha Bosques da Memória, além de buscar a transformação desse momento de tristeza e devastação ambiental, também marca o início da Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030), declarada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Muitas pessoas nem sequer se despediram de seus familiares diante das restrições sanitárias de prevenção à Covid-19
Djalma Weffort
No bosque em Epitácio, a comerciante Vani Paixão, que faleceu no dia 7 de dezembro em decorrência da Covid-19, teve seu nome eternizado em uma árvore. O esposo Laercio Godoy relata que a partida pegou todos de surpresa e que o luto ainda paira sobre a família. “A iniciativa serviu como uma oportunidade de se despedir. Eu sei que ninguém gosta de velório, mas nele você consegue estar próximo do seu ente querido pela última vez e dar adeus a quem você tanto gosta. A minha esposa estava dentro de um saco e em um caixão lacrado. Eu não pude vê-la, carregá-la e me despedir da forma que eu gostaria. Foi uma coisa fria e desumana, embora eu entenda a necessidade por conta da devastação do vírus”, relembra tomado pela emoção.
Plantar uma árvore ao lado dos filhos e dos netos serviu como uma forma de se “desligar” do luto, prestar uma homenagem singela para a esposa e contribuir com o reflorestamento, algo que Laercio julga necessário para toda a humanidade. “Eu sou grato pela iniciativa e a oportunidade de me despedir de uma forma mais adequada da minha esposa”, complementa.
SERVIÇO
Para solicitar o plantio em homenagem a uma das vítimas da Covid-19 no bosque em Epitácio, basta entrar em contato através do telefone (18) 3281-3371 ou do e-mail [email protected]. Também é possível participar da campanha em outros Estados e municípios, basta acessar o site www.bosquesdamemoria.com, escolher a unidade mais próxima, preencher o cadastro de identificação e aguardar a solicitação junto ao local indicado.
Fotos: Cedida/Apoena
Árvore recebe uma placa que identifica a espécie e o nome da pessoa falecida