Um grupo de estudo do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo), em parceria com pesquisadores das universidades de Harvard e de Buenos Aires, desenvolveu um tratamento para combater tumores agressivos do SNC (sistema nervoso central) das crianças por meio do zika vírus.
O estudo publicado na revista Cancer Research – referência na área oncológica - pôde identificar que o zika vírus, injetado em pequenas quantidades no encéfalo de camundongos com estágio avançado de tumores cerebrais, foi capaz de infectar e matar as células da massa tumoral com eficácia, sem causar danos às células saudáveis. A pesquisa é conduzida pelas doutoras Mayana Zatz e Carolini Kaid, junto a outros pesquisadores do ICB-USP.
De acordo com Carolini Kaid, em entrevista à Agência Brasil, a relevância da descoberta está diretamente associada à mortalidade infantil provocada por estes tumores, que até hoje não possuem tratamento. “A incidência de tumores do SNC é de 3,5 casos a cada 100 mil pessoas – com uma mortalidade de 80% dos casos, ou seja, apenas 20% dos pacientes sobrevivem à doença. Em crianças, os tumores do SNC são a principal causa de morte, ocupando o primeiro lugar em mortalidade e o segundo em incidência”, explica.
O grupo patenteou a tecnologia pela USP em 2018 e criou uma empresa para acelerar as pesquisas e conduzir o tratamento o mais rapidamente possível aos seres humanos. No entanto, a aceleração da tecnologia deste tratamento precisa de um aporte financeiro para que seja viabilizado a quem realmente necessita. Os cientistas precisam comprar reagentes, equipamentos e fazer testes clínicos para concluir o desenvolvimento da tecnologia e possibilitar que o tratamento chegue aos hospitais.
O grupo criou uma vaquinha online para poder arrecadar o montante que viabilizará o tratamento aos seres humanos. Por meio do www.sovaquinhaboa.com.br/zika-cancer você também pode contribuir para que o tratamento inovador de tumores cerebrais em crianças vire realidade nos hospitais do país.