Uma cultura de excelência. A sociedade exige, a família e os superiores forjam-na. Nesse esquema, um problema seriam as expectativas criadas. Retomemos a estória do açougueiro surpreso pelo cachorro que entrara em sua loja.
Espantado, o cão logo voltou; trazia um bilhete na boca: “favor me mandar 12 salsichas e 1 pernil de carneiro”. Com o bilhete, uma nota de 100 reais. Pegou o dinheiro, separou as salsichas e o pernil, embalou-os junto com o troco e pôs na boca do cachorro. Impressionado –fechando a loja– o açougueiro seguiu o animal, que desceu a rua; no cruzamento deixou a bolsa no chão, pulou e apertou o botão para fechar o sinal; esperou pacientemente com o saco na boca até que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar a rua. Ambos caminharam até o cão parar numa casa. Este pôs as compras na calçada, correu e atirou-se contra a porta algumas vezes, mas ninguém lhe respondeu. O cão circundou a casa, pulou a mureta, foi à janela e com a cabeça bateu várias vezes no vidro. Depois, na frente... alguém abriu a porta e começou a bater no cachorro. O açougueiro censurou-o: — “Por Deus do céu, o que você está fazendo? O seu cão é um gênio”. — “Um gênio!”? –retorquiu a pessoa– Já é a segunda vez, esta semana, que esse estúpido esquece a chave!”.
A estória nos faz pensar no quotidiano e nas nossas excessivas expectativas. Pais esperam muito de seus filhos e filhos, dos pais; gestores, dos colaboradores e vice-versa. Mas, os olhares alheios nem sempre nos fazem bem. Conhecer-se (que é um processo perene) e saber-se do que é capaz são formas de vencer os reveses da vida e o juízo apressado. Vale ser aquilo que se é e ponto.
Expectativa – do latim expectatum, “aguardado” ou “em vista” – é a esperança de conseguir ou de realizar algo. A possível frustração –a dor e o sofrimento– se dá na proporção das expectativas criadas. Assim, se possível, evitemos excessivas expectativas sobre nós e os outros. Reconheçamos o quanto o outro é e faz de bom, mesmo que não faça o nosso gosto. Também alimentemos em nós o desejo sadio de formar parte de uma comunidade – família, igreja/religião, amigos – cuja acolhida não nos faça expectar além do que recebemos. Quando envolvidos em amor, o que mais deveríamos esperar? Nunca será demais a lembrança de que as coisas (e a realidade em geral) não são como queremos; elas são o que são. Nisso estariam a paz e a felicidade pretendidas.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!