Bullying: Como lidar, na escola, com brincadeiras que machucam a alma?

OPINIÃO - Paula Carneiro

Data 23/07/2024
Horário 04:30

O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Ainda não existe um termo equivalente em português, mas alguns psicólogos estudiosos do assunto o denominam violência moral, vitimização ou maltrato entre pares, já que se trata de um fenômeno em grupo em que a agressão acontece entre iguais, no caso estudantes. O bullying é um problema mundial, não estando restrito a nenhum tipo mais específico de instituição primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana.
Diversos pesquisadores em todo o mundo têm direcionado seus estudos para esse fenômeno que toma aspectos preocupantes, tanto pelo seu crescimento, quanto por atingir faixas etárias, cada vez mais baixas, relativas aos primeiros anos de escolaridade. Dados recentes apontam no sentido da sua disseminação por todas as classes sociais e uma tendência para um aumento rápido desse comportamento com o avanço da idade, da infância à adolescência. Sendo assim responsáveis, escola, pais, todos devem ficar alertas, atentos.
Existem diferentes maneiras de atuações sobre bulling com representações de papéis por cada aluno. Os chamados alvos são alunos que só sofrem o bullying; os alvos autores são os que ora sofrem, ora praticam o bullying; as testemunhas são os que não sofrem nem praticam bullying, mas convivem em um ambiente que isso ocorre. Analisando mais de perto cada um deles podemos traçar-lhes um perfil ficando assim:
Os autores são comumente indivíduos que têm pouca empatia, frequentemente pertencem a famílias desestruturadas com pouco relacionamento afetivo entre os seus. Seus pais não exercem uma supervisão sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos um comportamento agressivo ou explosivo.  Quando adulto essa criança terá grandes possibilidades de adotar comportamentos antissociais ou violentos, atitudes delinquentes e criminais. 
Os alvos pertencem a grupos que são prejudicados, que não dispõem de recursos, status ou habilidades para reagir ou fazer cessar atos danosos contra si. Normalmente são pouco sociáveis, inseguros, não solicitam ajudas, têm baixa autoestima, são indiferentes para os adultos sobre seu sofrimento. Desencadeia-se assim em seu comportamento um baixo desempenho escolar, recusa a ir à escola sintomatizando, inclusive, doenças. Essas crianças trocam de colégio frequentemente ou abandonam os estudos podendo levá-las à depressão estrema e suicídio.
As testemunhas são representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com a violência e se cala em razão do temor de se tornarem a próxima vítima. Gera-se nesses indivíduos um sentimento de impotência influenciando negativamente sua capacidade de progredir acadêmica e socialmente.
Como pais podem perceber que a agressividade de seu filho é ou não bullying? 
Algumas crianças passam por situações na vida que as deixam fragilizadas e em decorrência disso tornam-se agressivas, na escola, como por exemplo, o nascimento de um bebê na família, separação de pais, perda de parentes. No entanto tudo isso aos poucos vai passando e tudo volta ao normal. Há casos em que crianças apresentam uma agressividade não apenas transitória, mas permanente. Essas crianças precisam de ajuda especializada e principalmente de pais que lhe imponham limites e regras.
E a escola, qual é o seu papel?
Na escola, quem mais sofre é sempre o que menos fala e por isso muitas vezes essa criança passa despercebida dos professores. Estar alerta, detectar e discutir imediatamente esse problema é o papel da escola. Assim diversas discussões entre os representantes da escola e professores devem gerar ações que envolvam pais, autoridades educacionais, funcionários e alunos, buscando definir com clareza o fenômeno e estabelecer diretrizes necessárias para o desenvolvimento de estratégias a serem executadas por todos.
A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade.

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