Quarta-feira, 26 de maio de 2021. Era pouco mais de 17h quando a cabo PM Kezia Maria Silva Navarro, do 14º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Presidente Prudente, salvou a vida de uma recém-nascida. A pequena Maria Beatriz, até então com 21 dias, foi levada pelos próprios pais ao posto da corporação no Jardim São Sebastião, depois de engasgar com leite materno.
“Eu pertenço ao quadro de saúde, e o pessoal do operacional já tinha saído para a rua. Então, fui para o alojamento, junto com minha chefe, porque iríamos para a atividade física. Aí nós escutamos a campainha tocando, e saí para atender. Quando abri a porta, o pai já me deu a criança na mão e falou que estava engasgada”, relata Kezia. Conforme a bombeira, o bebê já estava cianótico (cor azulada ou acinzentada), quando iniciou os procedimentos.
“Foi quando saiu o leite, junto com a secreção, o que fez a bebezinha chorar e ‘voltar’. Foi só alegria, porque a criancinha estava de volta”, lembra Kezia, que não conteve a emoção ao conversar com a reportagem. Há 21 anos na corporação militar, sendo 13 anos no Corpo de Bombeiros, esta foi a primeira vez que realizou a manobra de desengasgo presencialmente. “No atendimento 193 eu já atendi ocorrência por telefone, mas com a criança comigo, foi a primeira vez.
Mãe do Henrique, 17 anos, e do Bruno, 19 anos, lembra que, em situações como esta, o espírito materno também faz toda a diferença. “É uma emoção muito grande, não tem preço, é uma vidinha que Deus permitiu que trouxesse de volta, através dos nossos treinamentos”, salienta. “Foi muito bom, muito emocionante”, afirma. Após o salvamento, devido à criança estar com o peito secretivo, a encaminharam ao hospital para passar por avaliação médica. Desde então, a bombeira e a família não mais se viram.
“É uma emoção muito grande, não tem preço, é uma vidinha que Deus permitiu que trouxesse de volta, através dos nossos treinamentos
Kezia Maria Silva Navarro
O reencontro ocorreu nesta segunda-feira, na sede do 14º GB no Jardim Colina. Inamara Meconsini, 35 anos, mãe da Maria Beatriz, lembra com detalhes sobre o momento em que a filha nasceu de novo. “Ela estava dormindo e eu sentada do lado dela, porque fico olhando para ver se está respirando ou não, fico em cima mesmo para ver. De repente ela engasgou, voltou um pouco de leite com secreção, ficou bem roxinha, já não conseguia engolir nada, não respirava. Cheguei a virar ela de costas, mas não dei conta e a entreguei para meu marido”, relata.
Ele tentou fazer os primeiros procedimentos, mas não conseguiu. Então, foram pedir ajuda no local mais próximo da residência, que fica no Jardim Humberto Salvador. Maria Beatriz nasceu prematura, e é a filha mais nova do casal, que tem mais quatro. Enquanto recebia os primeiros socorros da cabo Kezia, a mãe, que estava assustada, preferiu não ficar perto. “Mas foi um alívio quando ela conseguiu fazer a manobra”, salienta.
O pai da menina, Juliano Antonio da Silva, 29 anos, ficou ao lado da bombeira e acompanhou o procedimento. “Sou um cara que assiste bastante jornal, com esse tipo de situação, então, meio que tenho uma noção de como reagir. Mas, o procedimento certo na hora não consegui realizar. O primeiro pensamento foi correr pra lá”, lembra. “Ficamos um pouco mais apavorados, porque ninguém saía, então, graças a Deus, esse anjo saiu e pode salvar minha filha”.