Biocorrosão dental no  contexto das dietas atuais

Consumo de produtos ácidos, como refrigerantes, bebidas energéticas e alcoólicas, sucos de frutas e excesso de comida industrializada são as principais causas da biocorrosão

Saúde & Bem Estar - DA REDAÇÃO

Data 04/06/2023
Horário 08:30
Foto: Imagem ilustrativa
Desgastes da estrutura dentária (evidenciados pelas setas pretas) em decorrência da biocorrosão, gerando alteração na forma dos dentes
Desgastes da estrutura dentária (evidenciados pelas setas pretas) em decorrência da biocorrosão, gerando alteração na forma dos dentes

O estilo de vida da sociedade moderna, que hoje tem mais acesso aos produtos industrializados e dietas ácidas, contribui para o aumento da prevalência da biocorrosão dentária, também já designada como erosão ácida. A biocorrosão é a degradação química da estrutura dental causada por ácidos e se tornou ameaça para saúde bucal. Pode ser causada por ácidos provenientes de alimentos comuns na alimentação diária, que leva a um desgaste significativo do esmalte dental, resultando em aspecto fosco, envelhecido, com alteração da forma dos dentes, comprometendo a estética e tornando-os sensíveis ao frio, ao calor e aos doces, destaca Rosalinda Tanuri Zaninotto Venturim, especialista e mestre em Periodontia. 

O consumo de produtos ácidos, como refrigerantes, bebidas energéticas e alcoólicas, sucos de frutas e excesso de comida industrializada são as principais causas da biocorrosão.

Essas bebidas, mesmo na forma diet ou light, são altamente ácidas e podem causar biocorrosão em todas as faixas etárias. Nas crianças, pode surgir após as bebidas ácidas serem colocadas indevidamente na mamadeira, aumentando o tempo de contato da bebida com os dentes. Nos adolescentes e adultos, pode ser resultado da ingestão excessiva e de modo inadequado de bebidas ácidas, comprometendo principalmente os incisivos superiores. 

Segundo Rosalinda Venturim, pessoas acometidas por vômitos ou regurgitações frequentes também podem apresentar dentes com erosão, pois no suco gástrico que vem para boca está presente o ácido clorídrico. Contudo, essa é uma desordem orgânica, intrínseca e necessita de cuidados médicos, antes de tudo.

Os atletas também apresentam alto risco de desenvolvimento de biocorrosão, visto que ingerem bebidas energéticas (isotônicos) em excesso para repor água e eletrólitos perdidos nas atividades esportivas. Os nadadores profissionais, devido ao constante contato com o cloro das piscinas, podem apresentar biocorrosão dental. Nesse caso, a utilização de protetores bucais confeccionados pelo cirurgião dentista evita o contato direto do cloro com os dentes. Embora a própria saliva tenha funções para equilibrar o pH, minimizando a ação deletéria dos ácidos, nem sempre a dureza do esmalte dental pode ser totalmente recuperada. Por isso, a educação é a primeira linha de defesa, uma vez que a maioria das pessoas desconhece o fato de que seus hábitos comportamentais estão contribuindo para a destruição dos seus dentes.

Cuidados preventivos

Simples passos preventivos podem reduzir o risco de biocorrosão, como enxaguar a boca antes da escovação e evitar escovar os dentes imediatamente após o consumo de alimentos ou bebidas ácidas, porque nesse momento, o esmalte se encontra na sua fase mais vulnerável, enfatiza Rosalinda Venturim. Também é recomendado utilizar escova de cerdas macias, creme dental com flúor e sem exercer força excessiva na escovação. Idealmente, as bebidas ácidas devem ser ingeridas com canudo, reduzindo o contato com os dentes. Hábitos como bochechar ou reter bebidas ácidas na boca por períodos prolongados precisam ser evitados.

O monitoramento da dieta alimentar e a forma como os alimentos e bebidas com maior acidez são introduzidos na cavidade bucal vão determinar o padrão do desgaste dental, pois a junção de todos esses fatores potencializa o risco de lesões erosivas nos dentes. Portanto, o diagnóstico precoce pode auxiliar na prevenção e minimizar a progressão da biocorrosão dentária, a qual uma vez instalada não pode ser revertida e se constitui em problema emergente para os dias atuais.

(Matéria integrante de projeto de extensão universitária (PROEXT-REITORIA; 19982/2023), sob coordenação do Prof. Dr. Douglas Roberto Monteiro [Unoeste])
 

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