A figura dele está presente na vida escolar da maioria das pessoas, desde muito cedo. Aquele livro essencial para a prova, a lista para o resumo, a bibliografia a ser estudada. Ele sabe onde todos estão, e como estão organizados em cada estante ou prateleira na biblioteca. Nesta semana (12 de março), foi comemorado o Dia do Bibliotecário, cuja função vai mais além do que zelar pelo acervo, mas também encontra, nos dias atuais, desafios frente à era digital.
Micheli Antônia Oshima é bibliotecária há 19 anos. Há 13 anos trabalha na Biblioteca FCT Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente. Atualmente é diretora. Micheli conta que sempre gostou de frequentar a biblioteca das escolas em que estudou. Mas isso, não foi determinante para a escolha da profissão. “Durante o 3º ano da escola, pré-vestibular, estava em busca de um curso no qual pudesse me formar e ingressar logo em seguida no mercado de trabalho, com boa perspectiva de salário também. A biblioteconomia me pareceu ser uma boa opção naquela época, e com certeza foi a melhor decisão”.
Murilo Tomiazi Misael, coordenador da Biblioteca Municipal Doutor Abelardo de Cerqueira César de Presidente Prudente, também está na profissão há 19 anos. Se interessou pela profissão durante o colegial quando pesquisava um guia de profissões.
As atribuições de um bibliotecário são diversas e variam conforme o tipo de biblioteca e o público atendido. “Atualmente eu coordeno a Biblioteca Municipal de Prudente, desenvolvo ações relacionadas ao livro e à leitura, além de atividades culturais”, afirma Murilo.
“No meu caso, como estou diretora de uma biblioteca universitária pública, sou responsável pela gestão do acervo e pelo atendimento ao público, com foco especial em pesquisadores, oferecendo suporte na busca por informações e no uso de recursos digitais e físicos”, explica Micheli.
“PARA MIM, OS LIVROS SÃO MUITO MAIS DO QUE SIMPLES OBJETOS, ELES REPRESENTAM UMA FONTE INESGOTÁVEL DE CONHECIMENTO, REFLEXÃO E ENTRETENIMENTO.”
Micheli Antônia Oshima
Além disso, Micheli promove a leitura e incentiva a pesquisa, gerenciando também recursos digitais como e-books e bases de dados. “Organizamos eventos culturais, preservamos materiais e administramos repositórios de conteúdos digitais. Outra parte importante do meu trabalho envolve o desenvolvimento de políticas e normas para garantir o funcionamento eficaz da biblioteca, sempre com o objetivo de facilitar o acesso ao conhecimento e apoiar a educação e a cultura”.
A bibliotecária conta que sua relação com os livros é, sem dúvida, multifacetada e única. “Para mim, os livros são muito mais do que simples objetos, eles representam uma fonte inesgotável de conhecimento, reflexão e entretenimento. Em minha vida profissional e acadêmica, os livros são ferramentas essenciais para o desenvolvimento contínuo, oferecendo recursos valiosos para minha atuação como bibliotecária e também como pesquisadora”.
Agora, como mãe de um menino de 3 anos, a relação de Micheli com os livros se ampliou ainda mais. Desde sempre, procurou estimular nele o gosto pela leitura e despertar sua curiosidade pelo mundo dos livros. Ela diz que isso não só enriquece sua formação, mas também cria momentos de conexão entre os dois, tornando a leitura uma atividade prazerosa e significativa desde cedo.
Para Murilo, além de uma relação de trabalho, os livros servem como fonte de inspiração e entretenimento. “A cada dia que passa tenho a certeza da influência positiva deles na vida das pessoas”.
Micheli e Murilo são unânimes em afirmar que a procura pelas bibliotecas segue em alta, mesmo com toda a tecnologia disponível. “As bibliotecas evoluíram para atender às novas necessidades da sociedade. Hoje, além do empréstimo de livros, as bibliotecas oferecem uma série de serviços como acesso à internet, cursos de alfabetização digital, atividades culturais e educativas, e espaços para leitura e estudo. Elas também promovem a mediação de leitura e oferecem serviços para públicos específicos como pessoas com deficiência visual”, afirma Micheli.
“A procura pela biblioteca ainda é grande. Procuramos ter um acervo atualizado, computadores com acesso à internet e local para estudo”, ressalta Murilo.
Murilo diz ainda que é gratificante ouvir das pessoas que a biblioteca contribuiu para algo bom acontecer. “Quando a gente ouve que o nosso trabalho na biblioteca contribuiu para a aprovação em concurso ou vestibular, isso enche nosso coração de alegria”.
A relação entre bibliotecário, tecnologia e usuário está sendo vista como uma evolução na área da informação. Tradicionalmente, os bibliotecários eram associados ao cuidado de bibliotecas e livros. Com o avanço das tecnologias, foi preciso se reinventar.
“Nós bibliotecários tivemos que adaptar nossas habilidades às novas demandas digitais. Hoje, lidamos com diversos formatos de informação, como documentos digitais e vídeos, e somos responsáveis por gerenciar e disponibilizar esses dados de maneira organizada, eficiente e segura. Na era digital, o bibliotecário vai além de ser um guardião do conhecimento impresso, somos facilitadores da gestão e disseminação de informações digitais, tornando-nos essenciais em um ambiente informacional dinâmico”, diz Micheli.
Murilo acrescenta: “É preciso manter-se atualizado para mediar o acesso das informações no ambiente virtual. Trabalhar para identificar fontes confiáveis de informação”.
Cedida
Micheli Antônia Oshima, diretora da Biblioteca FCT Unesp: “Tivemos que adaptar nossas habilidades às novas demandas digitais”