Bandeira branca

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 27/11/2018
Horário 04:05

Nada como a “bandeira branca” para amenizar a vida, e a natureza é a mestra que nos dá exemplo de equilíbrio e paz. Entre os grandes mistérios da natureza encontram-se os “rios voadores”, que descrevem com poesia as águas invisíveis que, embora corram próximo aos nossos olhos, não as enxergamos. De fato, o essencial é invisível aos nossos sentidos. Você sabia, leitor, que os rios voam? O rio Amazonas, por exemplo, voando, percorre o Brasil de Norte a Sul, de leste a oeste, e por todo o planeta, protegendo-nos e oferecendo vida sem que saibamos. Essas águas invisíveis receberam o nome de rios voadores por Gerard Moss. Orgulhosamente podemos declarar que a Amazônia garante vida aos habitantes não só do Brasil, mas de todo o planeta. Assim, é importante aprender com a natureza que não é egoísta, não impõe divisas, nem nacionalismo, pelo contrário, é a fonte de abundância de vida e bondade a todos.

Cerca de 20 bilhões de litros de água são lançados diariamente à atmosfera no Brasil para garantir chuva, umidade, vida. É a mágica da delicadeza da troca: as árvores devolvem a água da chuva à atmosfera, que devolve a terra, que devolve aos rios, que devolve aos mares. Veja, leitor, que a natureza é o maior exemplo de vida sem preconceito sem muros, sem divisão. A Amazônia corresponde a 56% das florestas tropicais da Terra e é a principal gestante de equilíbrio. O grande problema é o pouco verde urbano imprescindível para que as árvores de cada cidade possibilitem a reciclagem com os rios voadores que viajam de tão longe para garantir a chuva, diminuição do monóxido de carbono e saúde. Mas nem isso é garantido nas cidades.

Para que consigamos essa troca harmoniosa com os rios voadores que evita o câncer e outras doenças urbanas, Presidente Prudente e região precisam quintuplicar as árvores nas cidades, nas periferias e também nos vales, nas chácaras, nos sítios, nas margens dos rios e das estradas. Caso contrário, os “rios de asas” não poderão permutar e nossa saúde pagará o preço do progresso. Na vida individual semear é livre, mas - quer se queira quer não - a colheita é obrigatória. Assim também ocorre com a coletividade e com o planeta. 

Natureza é doação, se ela só acumulasse ou fosse injusta a vida teria perecido. É preciso, portanto, a colaboração de todos para cuidar das árvores dos seus quintais, dos seus bairros, de outros bairros até que as raízes se firmem na terra. As atitudes do ser humano, seja de amor e bem ou de injustiça e maldade, são devolvidas pelo cosmo à proporção que foram semeadas, porque todas elas são regidas pelas mesmas leis invioláveis, como a da gravidade, por exemplo.

Levantar muros é viver na contramão do equilíbrio cósmico. Resta-nos, portanto, bradar pela possibilidade de casas sem muros, escolas sem muros, condomínios sem muros, países sem muros, sejam eles concretos ou abstratos. A esperança pela bandeira branca a que aspiramos poderá ocorrer com vida mais justa e mais respeitosa, tanto em âmbito interpessoal quanto coletivo, como em relação ao planeta. Como ensinou Victor Hugo: “o bem e a justiça é a melhor das religiões”.

Publicidade

Veja também