Em Presidente Prudente, o número de mamografias realizadas em 2024 teve alta em comparação com o ano retrasado, segundo levantamentos divulgados pela Prefeitura, HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo e Santa Casa de Misericórdia. Os dados, coletados pela reportagem de O Imparcial em alusão ao Dia Nacional da Mamografia, lembrado em 5 de fevereiro, mostram avanços na oferta do exame, fundamental para detectar precocemente o câncer de mama, doença que lidera as causas de morte por câncer entre mulheres no Brasil, conforme o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
A Prefeitura de Prudente registrou 6.258 mamografias em 2024, um aumento de 34% em relação a 2023, quando foram realizados 4.679 exames. O salto foi impulsionado principalmente pelos procedimentos de diagnóstico (de 1.324 para 2.750), que investigam alterações suspeitas, enquanto os de rastreamento (preventivos) subiram de 3.355 para 3.508. Segundo a administração municipal, os exames não são feitos em UBSs (Unidades Básicas de Saúde), mas em carretas móveis ou hospitais da cidade, com agendamento via Cross (Central de Regulação de Serviços), já que as cotas são gerenciadas pelo governo do Estado.
O Hospital Regional também registrou crescimento: 4.994 mamografias em 2024, 12% a mais que em 2023 (4.469). Já a Santa Casa de Misericórdia manteve estabilidade, com leve alta de 6,3%: 4.672 exames em 2023 e 4.965 em 2024, incluindo atendimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e planos de saúde.
O Estado de São Paulo, por meio do programa “Mulheres de Peito”, tem sido um aliado no combate à doença. As três carretas itinerantes do projeto percorrem municípios paulistas oferecendo mamografias gratuitas pelo SUS a mulheres a partir de 35 anos, sem necessidade de agendamento prévio. Entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, foram 59,2 mil exames realizados em todo o Estado. Para 2025, o governo estadual anunciou a incorporação de mais duas carretas, totalizando cinco.
“O acesso é simples: basta usar o aplicativo Poupatempo Digital ou ligar para o 0800 da Cross. Queremos que todas tenham oportunidade de se cuidar”, destacou a Secretaria Estadual de Saúde.
Em entrevista, o mastologista Rafael Sá, mestre e doutor em Mastologia pela UFSP (Universidade Federal de São Paulo), membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia e professor de Medicina da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), enfatizou a importância do exame anual a partir dos 40 anos, conforme diretriz da Sociedade Brasileira de Mastologia:
“O câncer de mama é, infelizmente, a patologia oncológica mais comum nas mulheres [cerca de 30% dos casos], estando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. É uma doença com potencial risco de metástase, que pode acarretar risco de morte à paciente. Todavia, o diagnóstico precoce possibilita altas taxas de cura, devido ao fato de tumores pequenos, identificados apenas nos exames de imagem, possuírem menor risco de disseminação à distância”.
Sobre o autoexame, o médico explicou que a prática não reduz mortalidade, mas a atenção a sinais é crucial: “Nódulos endurecidos, vermelhidão persistente, secreção sanguinolenta ou descamação na aréola exigem avaliação imediata. Muitos casos, porém, só são detectados na mamografia, daí a necessidade de exames regulares”.
O câncer de mama está associado a fatores como sedentarismo, obesidade, consumo de álcool e estresse, além de causas hereditárias (menos de 10% dos casos). A idade média de diagnóstico é 62 anos, mas mulheres com histórico familiar direto (mãe, irmã ou filha diagnosticadas precocemente) devem buscar avaliação genética e iniciar o rastreamento antes dos 40. “O painel genético é essencial para definir riscos e estratégias de prevenção individualizadas”, explicou Sá.
