O anfiteatro do bloco três da Toledo Prudente Centro Universitário recebeu cerca de 250 pessoas na manhã de ontem, em uma audiência pública, com o tema: “Racismo, Preconceito e Discriminação: o fenômeno jurídico e as relações étnico-raciais”. Segundo a organização, o evento objetiva refletir sobre tal fenômeno, com a intenção de encontrar propostas para a construção de um direito democrático e inclusivo. “Queremos mudar aquele paradigma da educação de que o professor é quem fala e o aluno escuta. Nestas atividades, o estudante busca o conhecimento e se torna mais ativo no processo de aprendizado”, salienta o docente, Renato Herbella.
De acordo com a Toledo Prudente Centro Universitário, a audiência pública teve início próximo das 8h e seguiu até cerca de 11h, sendo aberta para a comunidade. Além de refletir sobre a maneira com que o fenômeno jurídico trata as relações étnico-raciais, em contextos gerais e regionais, o objetivo era ainda o de receber apresentações de projetos dos alunos para a conscientização e tratamento dos problemas. “A iniciativa surgiu de uma mudança da própria instituição no uso de metodologias ativas, em que o aluno busca o conhecimento no processo de aprendizado. No começo do semestre, nós disparamos um problema e, ao longo dele, recebemos soluções por parte dos grupos, com a intenção de tratar os temas. A audiência pública marca o fim do debate, com a presença de convidados, autoridades e comunidade”, salienta Renato.
O docente ressalta ainda que a importância do projeto se dá, uma vez que ele ultrapassa os muros da instituição, proporcionando trabalhos efetivos para o combate ao tema, como ocorreu em outras ocasiões com a criação de blogs e ideias que foram veiculadas em mídias externas do município.
A estudante do 1º ano do curso de Direito, Amanda Batistel Ribeiro, apresentou um trabalho sobre o racismo institucional, estrutural e jurídico e falou sobre os aspectos identificados ao longo da elaboração. “Na parte geral, vamos trazer a questão história sobre como os negros sofreram e na específica seria o projeto em si, a apresentação com casos reais e depoimentos, como o de um advogado de Santa Catarina que sofreu racismo no Judiciário, inclusive sendo confundido como sendo o pai de um réu, apenas pela cor da sua pele”, ressalta.
A doutoranda em Educação e coordenadora do núcleo de cultura afro-brasileira de Presidente Prudente, Ivonete Aparecida Alves, foi uma das convidadas da audiência pública, e afirma que o evento, bem como o debate proposto, são importantes dentro de instituições de ensino, uma vez que há certa dificuldade em tratar do tema dentro do currículo.
“Para diminuir as ações racistas, seria necessário que esse trabalho fosse sistematizado o ano inteiro desde a educação infantil. Se essas ações pautadas na valorização do conhecimento da cultura afro-brasileira e africana fossem trabalhadas, veríamos que eles não foram escravizados atoa, a pele negra foi uma desculpa”, lembra, ao salientar a importância do conhecimento científico que essa população já tinha há 3 mil anos.
Por fim, Ivonete afirma que em pleno século 21, já é possível ver as questões como o racismo se tangenciar, por haver a discussão sobre o tema, mas lembra de que entre discutir e implementar políticas públicas que solucionem o problema há uma distância grande. “É necessário paciência e sabedoria para poder lidar com esses conflitos, que sempre vão existir”, finaliza.