Em 2023, o HE (Hospital de Esperança) de Presidente Prudente prestou 4.915 atendimentos relacionados exclusivamente ao câncer de próstata, número 22,8% maior que o catalogado em 2022, marcado em 4.001. Já em 2024, de janeiro até outubro, a instituição registrou queda de 15,9% nestes serviços, que ficaram em 3.443 atendimentos, diante de 4.095, no mesmo período do ano passado. O mesmo ocorreu no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, onde foram catalogados, de janeiro a agosto deste ano, 1.672 atendimentos clínicos, retração de 27% em relação aos 2.296 procedimentos no mesmo recorte de tempo de 2023. Em 2024 já foram 56 internações por câncer de próstata contra 57 registros do ano passado.
A diminuição nos atendimentos nem sempre indica uma redução nos casos de câncer de próstata, que é a segunda neoplasia mais comum nos homens e a segunda causa de morte, explica o médico urologista, que é uro-oncologista no Hospital de Esperança, Felipe Moura.
Para o especialista, que é mestre pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) - Faculdade de Medicina de Botucatu, a redução nos atendimentos pode refletir, na verdade, uma menor busca por diagnóstico ou tratamento, o que pode estar relacionado à falta de conscientização, barreiras de acesso aos serviços de saúde ou até mesmo a um “relaxamento” pós-pandemia, quando houve queda nos exames preventivos.
“A campanha ‘Novembro Azul’ visa justamente aumentar essa conscientização, incentivando homens a fazerem exames de rotina para um diagnóstico precoce, que é crucial para um tratamento eficaz e menos invasivo”, destaca o urologista.
Felipe Moura esclarece que as causas exatas do câncer de próstata ainda não são totalmente conhecidas, mas indica que a doença está relacionada a fatores como: idade, histórico familiar positivo, etnia negra e obesidade, que está associada a um risco aumentado de desenvolver a enfermidade, especialmente formas mais agressivas e avançadas da doença. “Estudos mostram que homens obesos têm uma probabilidade maior de desenvolver câncer de próstata em um estágio mais avançado e com maior chance de metástase, em comparação com homens de peso saudável”, revela.
Ressalta o médico que o câncer de próstata é uma doença cuja incidência aumenta com a idade, acometendo principalmente os homens a partir dos 65 anos. “Embora o risco comece a aumentar gradualmente após os 50 anos, a maioria dos casos diagnosticados ocorre em homens mais velhos, com a faixa entre 65 e 74 anos sendo a mais afetada. No entanto, homens com histórico familiar ou de grupos de risco devem iniciar o acompanhamento mais cedo, a partir dos 45 anos”, orienta o especialista.
Portanto, indica que os homens, a partir dos 50 anos, devem fazer exames anuais de PSA (Antígeno Prostático Específico) e toque retal. “Aqueles que estão no grupo de risco – como negros ou quem tem histórico familiar de câncer de próstata – devem começar a fazer esses exames a partir dos 45 anos”, reforça.
“É importante que os homens percam o medo e o preconceito com o exame de toque retal, pois ele é essencial para identificar o câncer de próstata em estágios iniciais, aumentando as chances de cura. Além disso, conversar com profissionais de saúde para esclarecer dúvidas e buscar apoio psicológico, se necessário, pode ajudar na adesão a esses exames e no cuidado com a saúde. A participação em campanhas como a ‘Novembro Azul’ é importante para fortalecer a conscientização e a prevenção”, considera o especialista.
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“Novembro Azul” é importante para fortalecer a conscientização e a prevenção, diz Felipe Moura
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