Até as pedras falam

Estudos sobre os povos primitivos indicam que a produção do fogo pelo Homo Erectus, o ancestral imediato do homem moderno, só aconteceu no período neolítico, cerca de 7 mil anos A.C. Lendo o curioso e muito interessante, livro “Por que almocei meu pai?” escrito pelo jornalista inglês Roy Lewis, observei que o fogo originava-se, além do atrito com pedras especiais, também havia o fato de que, durante as tempestades, raios caíam em árvores, pegando fogo e um grupo de homens da caverna, ao final do período Pleistoceno, corria com tochas para aproveitar o fogo e aquecer suas cavernas. 
E com o aprender da experiência, observaram que podiam, com o fogo, cozinhar sua caça, deixando para trás, o ato de lambuzar a boca e os dentes com sangue.  Já a roda, a prova mais antiga de seu uso, data de cerca de 3.500 A.C., vem de um esboço em uma placa de argila encontrada na região da antiga Suméria, na Mesopotâmia (atual Iraque). A roda é talvez, uma das invenções principais na trajetória de desenvolvimento tecnológico do ser humano. Com ela, os povos primitivos tornaram o transporte mais rápido e fácil, além de contribuir para transformar as primeiras aglomerações humanas, em cidades maiores.
Hoje observamos, que tudo é possível. Ficção poderá transformar-se em realidade. Ricardo Azevedo, escritor e ilustrador, cita um trecho do artigo “Literatura de ficção, utopia e escola” publicado no livro recém-lançado “Retratos da Leitura no Brasil Cinco”, organizado por Zoara Failla, editora Sextante, que diz assim: “Se no século XVII eu dissesse que vim voando de São Paulo a Lima em cinco horas-duração da viagem de avião nos dias de hoje seria considerado bruxo, ia preso e talvez queimado vivo. Imaginem uma pessoa do século XVII ouvindo falar de energia nuclear. O que dizer de televisão, internet, Google, redes sociais, drones, inteligência artificial, robôs, clonagem, engenharia genética, etc.? Tento dizer o seguinte: a realidade do presente de certa forma já foi uma utopia no passado. E algo importante: a utopia do passado foi criada a partir da imaginação e da capacidade ficcional dos homens. Toda utopia nada mais é do que um produto da ficção humana”. Realmente estamos vivendo realidades, que antes considerávamos ficção.
Até as pedras falam, nada é estático. Sigmund Freud, pai da psicanálise (1856-1939), já dizia que a psicanálise iria passar e necessitar de transformações em sua teoria, técnica e método. Ele intuía que iriam “inventar”, a pílula da “felicidade” para auxiliar na remissão de certos sintomas como a depressão. Temos hoje algo muito além do Prozac. Nós psicanalistas, com a entrada da pandemia da Covid-19, estamos realizando a maioria de nossas sessões de forma online. Usamos as plataformas como: Zoom, Skype, Google meeting, WhatsApp e muito mais. Comunicamos, dando continuidade às nossas parcerias e alianças com nossos pacientes, continuamos trabalhando e em nenhum momento paramos. 
Tudo isso era considerado utopia ou ficção. Nossa capacidade criativa, capacidade para sonhar, devaneios, utopia e ficção podem levar à realização. Conversando com uma conhecida, de forma online, ela estava comendo amendoim em sua casa e ofereceu para mim. Eu disse: quero. Ela respondeu: Daqui um tempo, isso tornará possível. Alguém duvida? É utopia, ficção ou realidade?
 

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