O corredor com cerca de 30 ficus - cujas árvores foram vencedoras do 1° Concurso Fotográfico Árvores da Cidade de Prudente - localizado próximo ao Colégio JP, na avenida Salim Sarah Maluf, em Presidente Prudente, será derrubado nos próximos dias com a construção do condomínio fechado Monte Azul, construído no local.
O empreendimento, que já recebeu aprovação da Seplan
(Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação), da Semea (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) e da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), terá 145 lotes em uma área de aproximadamente 150 mil metros m², conforme Laércio Batista de Alcântara, secretário da Seplan. A área verde será de 1.500 mil m², correspondente a 10% do terreno.
Maquinário se encontra no local para realizar terraplenagem
Conforme Jony Polizelli, engenheiro responsável pelo projeto do condomínio, essas árvores são frutíferas, passíveis de supressão e por isso "não têm como permanecer". Elas serão derrubadas logo no início do serviço de terraplenagem, que conforme o engenheiro será iniciado em cerca de 20 dias. "É impossível mantê-las, pois o projeto está aprovado há mais de um ano. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou o MPE deveriam ter me informado sobre a importância das árvores antes", pontua.
Para Orlando Batista de Souza, 76, que mora ao lado do Colégio JP, "a população não pode aceitar a derrubada das árvores". "Isso é uma grande decepção. Fui um dos primeiros a vir para cá e vejo essas árvores há muitos anos", conta.
Roque César de Souza, 49, afirma que mesmo que houvesse compensação ambiental, o corredor não deveria ser derrubado, pois é "insubstituível". "Está na internet para pessoas de todo o mundo ver, mas quando chegarem aqui não vão mais encontrar", entristece-se.
Fabrício Capucci, proprietário responsável pelo condomínio, conforme informações de Polizelli, não foi encontrado para se posicionar sobre o corte do corredor de árvores até o fechamento desta reportagem. O promotor de Justiça, André Luis Felício, também foi procurado para comentar o assunto, mas não foi localizado.
Meio Ambiente
De acordo com Wilson Portella Rodrigues, titular da Semea, a prefeitura só pode intervir em locais públicos, como calçadas, e "se o terreno é particular, o dono tem o direito de fazer isso". Ele afirma que não há um impedimento legal para que as árvores não sejam derrubadas, mas diz que conversará com os proprietários para conseguir a preservação do local, "justificando a beleza e importância dos ficus".
No entanto, as duas figueiras próximas ao local serão preservadas por determinação direta da Seplan
na aprovação do projeto do loteamento do condomínio.
Concursos
O 1° Concurso Fotográfico Árvores da Cidade de Prudente, que premiou o corredor de ficus, foi iniciativa da Semea, em parceria com
O Imparcial e MPE, por meio da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente.
A fotógrafa ganhadora do concurso, Rose Carreño, afirma que esse corredor é "centenário, do tempo que Prudente era sítio". Ela vê a derrubada dessas árvores com pesar, por serem saudáveis. "Você chega perto delas e nem cupim têm, são lindas", diz. Para ela, o corredor deveria ser preservado como uma área de lazer dentro do condomínio.
Uma fotografia do corredor capturada por Vinicio Geraldo de Carvalho também foi vencedora do Concurso Cultural Sua Foto da revista National Geographic, que publica a melhor imagem recebida na edição do mês.