A perda de um filho é, sem dúvida, uma das experiências mais dolorosas e devastadoras que uma mãe pode enfrentar. A morte intrauterina, seja por natimorto ou óbito fetal, impõe um luto profundo e, muitas vezes, irreparável. No entanto, além do sofrimento emocional, as mães que enfrentam essa realidade ainda se deparam com uma questão fundamental, muitas vezes negligenciada pelos serviços de saúde: a falta de leitos separados para aquelas que aguardam a retirada do feto.
Atualmente, em muitos hospitais, mães que passaram pela tragédia de perder seus filhos antes do nascimento acabam dividindo o ambiente hospitalar com outras mulheres que estão vivenciando uma experiência completamente diferente. Enquanto umas estão aguardando o parto de seus filhos vivos, outras estão imersas em um sofrimento intenso, aguardando a realização de um procedimento médico para a retirada de um feto sem vida. Essa realidade pode resultar em constrangimentos e intensificar a dor das mães enlutadas, que, além do sofrimento pela perda, ainda enfrentam a angústia de ver outras mães vivendo um momento de alegria com seus filhos saudáveis.
Como noticiado por O Imparcial, a Câmara Municipal de Presidente Prudente aprovou, durante a sessão ordinária de segunda-feira, o Projeto de Lei nº 28/19, de autoria do vereador Douglas Kato Pauluzi (PSD), o qual determina que as unidades de saúde credenciadas no SUS (Sistema Único de Saúde), bem como as de rede privada, ofereçam leito separado para as mães de natimorto e mães com óbito fetal que estejam aguardando a retirada do feto. Parabéns ao vereador Douglas pela iniciativa e pela sensibilidade que demonstrou com o tema.
A separação dos leitos para essas mães não é apenas uma medida de conforto, mas, sobretudo, uma questão de respeito à dignidade e ao luto dessas mulheres. Ao proporcionar um espaço dedicado exclusivamente para aquelas que enfrentam a morte fetal, os hospitais demonstram sensibilidade e compreensão em relação à gravidade da situação. Um ambiente acolhedor e respeitoso pode ser um alívio para as mães que já estão lidando com uma dor imensa, evitando o risco de sentimentos de culpa, inadequação ou até mesmo vergonha, que podem ser exacerbados pela proximidade de outras mulheres em situações bem distintas.
A aprovação do PL foi uma medida acertada, que deve ser replicada em outros municípios. Já passou da hora de refletirmos sobre a importância da dignidade no cuidado com as mulheres que enfrentam o luto gestacional e agirmos para garantir que suas necessidades emocionais sejam tratadas com a seriedade e o respeito que merecem.