Aposta no amendoim gera plantio de 15 mil novos hectares na região

Levantamento do IEA mostrou que a intenção de plantio da produção mais que triplicou; cana-de-açúcar fechou com área limitada

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 10/03/2019
Horário 04:26
Cedida/Rodrigo Scapin - Em três anos, agricultor aumento área de 45 para 300 há destinados ao amendoim
Cedida/Rodrigo Scapin - Em três anos, agricultor aumento área de 45 para 300 há destinados ao amendoim

Impulsionado por “uma oportunidade de negócio”, em 2015 o agricultor de Teodoro Sampaio, Rodrigo Scapin, iniciou a atividade agrícola com o amendoim. Naquela época, a aposta foi em 45 ha (hectares) destinados à produção, mas com o intuito de crescer - caso o plano seguisse como o visualizado e houvesse rentabilidade. Hoje, concretizando a visualização, ele já possui cerca de 300 ha de amendoim em sua propriedade. Mas assim como ele, os demais produtores rurais da região também têm escolhido tal semente como a figurinha da vez. Pelo menos é o que mostra a 1º Estimativa da Safra Agrícola do IEA (Instituto de Economia Agrícola) do Estado de São Paulo, ao mostrar que a intenção de plantio da produção mais que triplicou. Os números mostram que, se na safra 2017/2018, a área final era de 6.048 ha, hoje eles esperam que a 2018/2019 chegue a 21.098 ha.

Na verdade, o levantamento também leva em conta outras produções (veja tabela), mas com destaque para o amendoim das águas, que segue a tendência do levantamento do IEA de janeiro, antecessor a esse, e publicado por esse diário. Na época, tais plantios tiveram um número mais expressivo de área plantada, o que futuramente pode fomentar para uma colheita também maior. Na região, o índice é formado pelos três EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) que a compõem: Dracena, Presidente Prudente e Presidente Venceslau.

Em Prudente, sub-região onde o aumento na intenção de plantio é maior em relação à produção de destaque - o amendoim - o presidente do Sindicato Rural, Carlos Roberto Biancardi, confirma a situação e ainda aponta uma indústria especializada no plantio em Tupã (SP), mas que tem apostado em alguns produtores da região para compor ainda mais o necessário. “O que também tem sido correspondido por eles, ao intensificar o plantio, que além de ser um bom reparador de solo, ainda é rentável”, completa.

Justificativas adotadas por Rodrigo, mencionado no início da reportagem, para iniciar o plantio. “O amendoim sempre foi ótimo como reparador do solo, principalmente aquele que foi utilizado para cana. Além disso, é uma cultura nômade e que tem sido rentável”, argumenta. Com maior rentabilidade até mesmo que a soja e o milho, por exemplo, como ainda cita o agricultor, ao pensar no afeto do plantio com possíveis problemas, como a estiagem, que nesse em específico acaba por ser menor.

E se a tendência é se manter assim ou melhorar, ao ser questionado, Rodrigo responde que assim como a visibilidade que o amendoim ganhou  no Brasil veio pela falta que teve na Argentina - maior concorrente -, o esperado é que esse cenário continue. “Porque lá, com as novas taxas de exportação em alta, a gente acabou saindo na frente”, pontua.

E por falar em exportação, quando noticiado por esse diário o saldo da balança comercial no início do ano, um dos destaques positivos foi o município de Ribeirão dos Índios, com superávit de 660,82%. Em 2017, o saldo foi de US$ 225.550, e em 2018 foi para US$ 1.716.020. Em ambas as situações, a cidade apenas exportou. Mas qual a ligação com o cenário atual? É que, como dito pelo prefeito José Amauri Lenzoni (PSDB), tudo isso é graças ao amendoim. “A produção da cultura no município aumentou demais nos últimos anos. Tínhamos deixado de produzir, mas agora voltou com tudo”, comenta.

Intenção de mercado

Mas além do destaque para amendoim algumas produções que também já receberam a primeira estimativa para a safra de 2018/2019 sinalizam boas comercializações, como o milho e a soja. E pensando no momento atual, Biancardi avalia que o ambiente é otimista, mas como são dados iniciais, fica difícil estimar. “A gente tem a área plantada e precisamos trabalhar com isso agora. A partir da colheita será possível desenhar o desempenho posterior”, completa. Mas o que pode incentivar ou não os aumentos, ainda segundo ele, “é e sempre será” a intenção de mercado.

O motivo é o mesmo quando se fala da cana-de-açúcar, mas também pensando na capacidade das usinas locais. É que no levantamento, o IEA também liberou a área final da produção que foi superior à quarta estimativa, mas não muito diferente: o número foi de 508.677 ha para 513.346 ha. E para o presidente do sindicato esse é o cenário atual e tende ser assim “limitado”, em vista do que é produzido e suprido pelas indústrias locais.

 

1ª ESTIMATIVA DA SAFRA AGRÍCOLA 2018-2019

Produção

Área final (ha) 2017-2018

1ª Estimativa (ha) 2018-2019

Dracena

Presidente Prudente

Presidente Venceslau

TOTAL

Dracena

Presidente Prudente

Presidente Venceslau

TOTAL

Algodão

4

422

14.281

14.707

484

632

450

1.566

Amendoim-das-águas

5.003

400

645

6.048

4.175

15.482

1.441

21.098

Arroz-de-sequeiro e várzea

0

2

0

2

0

7

0

7

Banana

250

52

99

401

48

6

17

71

Café

2.411

701

108

3.220

27

7

18

52

Feijão-das-águas

405

40

15

460

220

200

15

435

Milho

2.869

7.886

3.950

14.705

3.184

15.383

5.600

24.167

Milho irrigado

1

995

100

1.096

2

626

340

968

Soja

782

58.460

7.832

67.074

1.050

57.421

11.076

69.547

Soja irrigada

0

2.205

1.287

3.492

0

2.305

1.310

3.615

TOTAL

11.725

71.163

28.317

111.205

9.190

92.069

20.267

121.526

Fonte: IEA

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