Pássaros voam cantando livremente por entre centenas de árvores nativas espalhadas por todos os cantos! Um verdadeiro paraíso em um cantinho de Presidente Prudente que dá a sensação de se estar em outro lugar e não dentro de uma cidade. Assim é a chácara do tabelião aposentado do Segundo Cartório de Registros de Imóveis, Tadeu Martins, 68 anos, idealizador da antiga EMA (Escola de Meio Ambiente). Além da beleza da natureza, ele fez de sua casa, há 19 anos, um verdadeiro museu com um farto acervo de objetos raros, mais de 2 mil peças, relíquias que não se encontram em muitos museus, sendo algumas que compõem a história dos 100 anos do município, a ser comemorado em 14 de setembro. "Transformei minha casa em um museu", exclama Tadeu.
Entrando na história da cidade, em seu antiquário, dentre as milhares de peças antigas está a primeira máquina de datilografia do Dr. Pedro Furquim, e que pertenceu ao segundo ofício. Outra que foi do Dr. José Foz acompanhando-o enquanto prefeito e depois foi para o cartório.
Uma cela do Império mantida ainda com o emblema da República também é um dos destaques
Ferros a brasa (dois da época da escravidão no Brasil e um deles que parece feito em bronze, espetacular, que pertenceu ao Barão de Indaiatuba), panelas de ferro, fogareiros, lampião, máquinas fotográficas (uma delas dos anos 40), filmadoras, projetores de filmes, aparelhos de som, sonatas, verdadeiras relíquias, geladeiras, telefones de 100/110/120 anos (um deles foi o primeiro de disco do cartório), um PABX, rádios relógios, relógios de bolso (um fabricado e posto à venda em 1922 por conta do centenário da Independência que se chama O Fico – com todos os dados sobre a Independência) um autenticador dos anos 50 para confeccionar as carteirinhas de sócio da Apea (Associação Prudentina de Esportes Atléticos), máquinas de costura, escovões. Ah, quem tem mais de 40 anos deve lembrar bem deste utensílio doméstico que era pesado demais, mas deixava um brilho sensacional no piso após ser encerado!
Camas de campana, uma cadeira de barbeiro que veio de Campinas, datada dos anos 30, baleiros antigos daqueles que as crianças namoravam nas vendinhas de antigamente, uma cela da época do Império com o emblema da República, telha francesa, manilha, um tijolo da época do Império de 1850 que está caprichosamente embalado, farol de um navio que está fundiado em Natal (RN), um jogo de sobremesa, uma verdadeira ostentação, que salta aos olhos tamanha beleza. Sinos, um deles, segundo Tadeu, a única peça que saiu do seu museu está hoje na capela do asilo, Lar São Rafael. Tem muito mais preciosidades ali dentro!
Heranças sem preço!
Adentrando a casa de Tadeu é inevitável não ser tomado por uma emoção carregada de lembranças, ainda que não se tenha vivido em um período tão longínquo assim. Segue-se uma sequência de raridades admiráveis por todos os cantos!
Em uma das salas tem tanta riqueza que não dá nem para mensurar o valor de tudo que ali embeleza o ambiente. De longe a imponência de um gramofone de 1910 é de encher os olhos e o coração de saudosismo na sala principal que tem como piso um mármore Carrara belíssimo com 40 anos!
Em uma das paredes está um relógio impressionante do século 18, em um canto uma cristaleira de 1890; um órgão que veio de Jaú datado de 1920, daqueles que diferente dos de hoje ainda se mudava a escala; pratos decorativos nas paredes, castiçais; um estribo que pertenceu a um cavalo do prefeito Antonio Sandoval Netto; outro da época do Império. Tadeu tem um exemplar do jornal O Estado de São Paulo em que traz a notícia da primeira exposição agropecuária de Presidente Prudente realizada em 5 de abril de 1943. Isso é um documento histórico na região em que o agronegócio sempre predominou.
"A maior parte de tudo que tenho são doações, presentes de amigos, outras adquiridas em feiras de antiguidade. Isso tudo é minha vida!", exclama.
A partir da primeira quarta-feira de maio estará em funcionamento em sua chácara um bar country só para convidados. O ambiente já está praticamente pronto. No bar tem prateleiras com várias bebidas antigas, como cachaças dentre elas a Pitú, refrigerantes (famoso Crush), cervejas (Brahma), cigarros, cachimbos, etc.
"Participei do desfile do cinquentenário de Prudente e guardo relíquias dessa comemoração, como copos, taças, xícaras alusivas a data... As pessoas não valorizam o que é de valor inestimável, incalculável e que nos remete totalmente ao passado!", frisa.
Sétima arte!
Devidamente catalogados e organizados de maneira sensacional em um quarto, Tadeu tem uma belíssima coleção com 9 mil filmes, todos os ganhadores de Oscar, todos originais do Mazaropi, Charlie Chaplin, o Gordo e o Magro e um fantástico do qual foram feitos 150 mil cópias vindo para a América Latina apenas 3 mil: a edição comemorativa de 70 anos do filme "O Vento Levou", acompanhado de um livro contando a história de como foi feito, tudo desenhado antes da produção do original.
"Nessas condições de preservação, acredito que não existam nem três. Uma curiosidade que muitos podem não saber. A atriz Viga Lee era inglesa e o Clark Gaibol não gostava dela, então sempre antes de gravar ele comia cebola para provocar mau hálito. Imagina, ter que fazer cenas em que precisava demonstrar amor com um cara com hálito de cebola . Pois é, ela ganhou o Oscar por interpretação", revela o fato interessante de um dos maiores clássicos do cinema.