A cirurgiã dentista de Presidente Prudente, Raquel Trevisi, 38 anos, deixou o Hospital Iamada nesta semana, depois de passar 30 dias na luta contra a Covid-19. “Metida a atleta” – como ela mesma diz, a competidora nacional de cross fit viu a vida por um triz após ser diagnosticada com o novo vírus.
Mesmo com a voz ainda rouca devido aos dias de intubação, ela aceitou falar com a reportagem sobre o seu “renascimento”.
No começo de setembro, ciente da gravidade do novo vírus, conta que desmarcou todos os pacientes e se isolou em um ambiente separado em casa até fazer o teste devido à suspeita. "Percebendo que não estava no meu estado físico normal, fiz o teste Swab, dengue e hemograma, pois tinha a certeza que alguma coisa não estava bem", afirma.
Como suspeitava, o teste deu positivo para Covid. Foi então que resolveu procurar ajuda médica.
“Fiquei 7 dias internada na enfermaria fazendo o tratamento, tomografia para acompanhar o pulmão que já estava sendo tomado”, lembra.
Foram 16 dias de ventilação mecânica, sendo duas intubações, 18 horas em posição prona, o que totalizou 20 dias de internação na UTI. Depois da alta da Terapia Intensiva, foi transferida para a enfermaria onde mais dois dias até a alta para a casa; ou seja, 30 dias de hospital.
Enquanto Raquel esteve na UTI, os familiares receberam todo o apoio da equipe médica, através de boletim informativo diário.
“O que me motivava e me dava forças para não desistir da vida eram os vídeos e áudios enviados pela minha família e colocados para eu ouvir e assistir pela equipe maravilhosa de enfermagem. Além disso, me fazia sentir o quanto eu sou amada e toda a corrente de energia de todas as orações, independentemente de religião que estavam sendo feitas lá fora”, lembra.
Cedida - Raquel é competidora nacional de cross fit
A cirurgiã dentista confessa que em alguns momentos esperava o pior por conta da gravidade da doença – pensamento passageiro.
“[Lá dentro] a gente se transforma. [A Covid] foi uma evolução muito grande para mim, porque eu renasci. A Raquel que entrou no hospital não é a mesma que saiu”, expõe. “Se me perguntarem qual foi o meu sentimento lá dentro? Minha resposta não pode ser outra a não ser amor. Nada além de amor. Ou seja, a presença de Deus.”
A gravidade da doença que acometeu a saúde de Raquel chamou a atenção, pelo fato de ter uma vida ativa e saudável.
“Não bebo, não fumo, tenho uma alimentação saudável, costumo dizer que sou metida a atleta - treino uma hora e meia por dia, sozinha, em minha própria casa. Sempre segui fielmente os protocolos durante a pandemia no meu ambiente de trabalho”, explica.
Tanto é que os treinos para manter a boa forma ocorriam dentro de casa, com os apetrechos particulares. Sair da residência? Apenas para serviços essenciais.
“A gente não pode subestimar a doença, ela está aí, e as pessoas não têm consciência de que é muito perigosa, independentemente da idade. Desde o início da pandemia eu costumava dizer que estávamos tendo uma grande oportunidade para crescimento espiritual. E hoje eu tenho a certeza disso.”
Cedida - Raquel agradece ao apoio da equipe que ajudou em seu tratamento
Em recuperação, a atleta perdeu 25 kg e carrega sequelas da doença: dificuldades na fala e nos movimentos do corpo. Mais uma luta pela frente.
Na saída do hospital, na cadeira de rodas, foi recepcionada pelos filhos, Pedro Henrique e Anita, as sobrinhas, Maria Júlia e Maria Fernanda, pelos pais, Hugo Trevisi e Maria Alice Trevisi, pelo marido Rodrigo e a irmã Renata.
“Sou muito grata a toda a equipe do Hospital Iamada que desenvolveu um trabalho maravilhoso, competente, profissional e cheio de muito amor. Gostaria de agradecer cada um que participou dessa grande e linda corrente de orações. Foi essencial para o meu renascimento “.
Cedida - Foram 30 dias internada para o tratamento da Covid
Cedida - Em casa, Raquel se recupera das sequelas que a doença trouxe
