Antônio Hiroshi Saito, dermatologista de Presidente Prudente e observador de pássaros nas horas vagas, registrou em imagens no fim de semana um ninho e dois exemplares do pássaro tuiuiú ou jaburu (jabiru mycteria), característicos do Pantanal do Mato Grosso do Sul, na foz do Rio do Peixe, na altura da Mata Maturi, em Caiuá. O local trata-se de uma área florestada, pertencente a Cesp (Companhia Energética de São Paulo), onde a Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná) reivindica a criação de uma unidade de conservação.
“Além do jabiru mycteria, essa área abriga muitas outras aves ameaçadas como mutum-de-penacho [criticamente ameaçada], trinta-réis-grande, maguari e gavião-do-banhado [vulneráveis], além de animais da nossa fauna”, explica o presidente da Apoena, Djalma Weffort. “O jabiru mycteria é uma espécie rara de ver na região, mas não está ameaçada de extinção. O registro do ninho é de grande relevância porque não ocorria nesse trecho do rio desde a formação do lago de Porto Primavera, em 2000. Elas possivelmente desistiram de nidificar na reserva estadual da Lagoa São Paulo por conta das sucessivas invasões e incêndios que ocorrem ali”, complementa.
Observador de aves há cinco anos, o médico se define como um “aprendiz”. “Só vou nos finais de semana. Meu filho me acompanha. Alugo um bote e o pirangueiro conhece bem o local, que tem uma importância ecológica muito importante porque muitas espécies da avifauna só existem aí. Conheço pouco, mas gosto muito”, descreve.
Aves do Oeste Paulista - Guia de Campo
O livro “Aves do Oeste Paulista - Guia de Campo”, resultado de um trabalho de documentação de 25 anos no campo, lançado oficialmente pela Apoena no mês passado, expõe que o tuiuiú, da família ciconiidae, é uma cegonha que possui presença regular em várzeas e áreas úmidas do oeste paulista, como beiras de rios, brejos e lagos. É uma das aves brasileiras com a maior envergadura, chegando facilmente a três metros de ponta a ponta das asas. Decola com aparente dificuldade, mas, uma vez no ar, plana majestosamente em grandes altitudes. Alimenta-se de peixes, rãs, moluscos e répteis, que captura em águas rasas. Vive solitário ou em casais. No período reprodutivo, constrói seu ninho no topo de árvores altas, utilizando galhos fortes e capim para forrar a parte interna, e o reutiliza ano após ano. O porte avantajado e o pescoço vermelho distinguem o jaburu, como também é conhecido, das outras espécies de sua família, como o cabeça-seca e o maguari.
Fotos: Cedidas
Observador de aves há cinco anos, médico Antônio Saito se define como um “aprendiz”