Na sexta-feira, após 11 anos, uma equipe médica do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente realizou um procedimento cirúrgico com o paciente acordado. Trata-se de um paciente jovem, de 36 anos, que foi diagnosticado pelo quadro clínico de dor de cabeça progressiva.
Conforme o neurocirurgião do HR, Paulo André Ferrari, o paciente foi submetido a exame de imagem onde detectou a lesão expansiva. “Durante a avaliação, nós notamos que ela pegava tanto a parte motora quanto a área da fala. A parte motora consegue motorizar com o paciente sedado, mas a área da fala, não. Por isso, o intuito nosso de operá-lo acordado”, ressalta o especialista.
Ele explica que o processo começa alguns dias antes da cirurgia, com testes feitos, principalmente, para definir a fala do paciente, se já tem um déficit prévio ou não. “Então, foi feita uma avaliação com fonoaudiólogo, neurocirurgião e anestesista. O paciente tem que ter um bom perfil psicológico para ser submetido a essa cirurgia. Então, após toda essa avaliação e o paciente concordado com a cirurgia, marcamos o procedimento”, frisa.
O médico acrescenta que a cirurgia inicia com o paciente sedado. Começa toda a parte de abertura de pele, retirada do osso até a exposição do cérebro. “Nesse momento, o paciente é superficializado da sedação e acorda. E, com ele acordado, começamos a monitorar a área do cérebro através de estímulos, conversas com o paciente, toda a área da fala e também a área motora”, destaca. Essa intervenção envolve dois anestesistas, dois neurocirurgiões, um neurofisiologista e um médico patologista que vai acompanhar o procedimento também.
“É uma cirurgia de alta complexidade, com riscos sim, como todas as cirurgias que a gente faz com anestesia geral. É uma neurocirurgia, mas nós estamos usando todos os recursos necessários para que a cirurgia ocorra com êxito”, frisa.
“Só agradecer o empenho de todos, do hospital e de toda equipe desde o início. Tudo para o bem-estar do paciente que é nosso objetivo. Trazer um tratamento de qualidade, sem acrescentar nenhum déficit, e a meta é que o paciente fique bem”, finaliza o médico.
A TÉCNICA
A técnica, que envolve vários profissionais, dentre eles fonoaudiólogo, neurocirurgião, neurofisiologista, anestesista e patologista, é indicada em casos de tumor cerebral, do qual pode estar localizado em regiões diretamente envolvidas com os mecanismos da fala, visão e funções motoras.
Este procedimento é um método moderno e indolor, que contribui para a diminuição dos riscos de sequelas pós-operatórias, inclusive, parcialmente feita com o paciente acordado. A última vez que a unidade contou com um paciente com a necessidade do emprego desta técnica, foi em fevereiro de 2012.
Fotos: HR/Presidente Prudente
Médico explica que a cirurgia inicia com o paciente sedado