“Professores em LUTO e em LUTA”. Essa foi frase estampada em um protesto feito hoje pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial Estado de São Paulo), após dois professores falecerem vítimas de Covid-19 e pela não suspensão das aulas presenciais em alguns municípios na região de Presidente Prudente. O ato simbólico, que contou com coroas de flores utilizadas em homenagens póstumas, foi feito em frente à Diretoria Regional de Ensino, órgão que representa a Secretaria Estadual de Educação e conta com sede em Presidente Prudente, junto ao prédio do Executivo em Martinópolis e no município de Regente Feijó.
Conforme o coordenador regional da Apeoesp, William Hugo Correa dos Santos, o objetivo dessa manifestação se dá por uma indignação da classe, uma vez que as aulas presenciais ainda estão sendo mantidas no grave cenário de pandemia. Ele acrescenta que o sindicato não é contra o retorno presencial das atividades. No entanto, destaca a importância de que ocorra de forma segura e após imunização dos profissionais da educação. “Nosso objetivo é que os profissionais da educação recebam a vacina para que garantam um retorno seguro. Enquanto a vacina não chegar até nós, estaremos em luta para que as aulas continuem de forma remota, como aconteceram em 2020”, acrescenta.
À reportagem, William detalhou um balanço feito junto à presidência da Apeoesp, a qual consta que até às 12h30 desta segunda-feira, o Estado já havia registrado 2.150 casos confirmados entre profissionais da educação em 981 instituições de ensino (estaduais). No mesmo levantamento consta que 32 professores perderam a batalha contra o novo coronavírus.
Na região, Lucilene Anadao e Valdomiro Cassaroti faleceram em decorrência da doença nesta última semana. A professora atuava em Pirapozinho e o professor em Indiana.
Hoje, data em que todo o Estado passou a vigorar na fase vermelha, a mais restritiva do Plano São Paulo, a Secretaria Estadual de Educação informou que seguem mantidas as atividades presenciais de alunos “mais vulneráveis”. As escolas de todas as redes – que terão aulas presenciais – devem receber, no máximo, até 35% dos alunos por dia. A medida vale até o dia 19 deste mês, quando deve haver uma nova classificação do plano de contingenciamento do novo coronavírus.
A recomendação, segundo a secretaria, é que sejam classificados neste grupo os alunos que estão em processo de alfabetização; apresentam maiores déficits de aprendizagem decorrentes do ensino não presencial; têm dificuldade de acesso à tecnologia; bem como aqueles que necessitam de atividades essenciais e dependem da merenda e da educação especial. Para executar essas atividades, as unidades escolares devem identificar quais estudantes irão continuar frequentando a escola presencialmente no período e organizar seu atendimento.
Na fase vermelha, a frequência presencial não é obrigatória e o ensino remoto será mantido com aulas transmitidas diariamente pelo Centro de Mídias da Secretaria de Educação do Estado. Conforme nota da secretaria, as redes municipal e particular têm autonomia para fazerem o próprio planejamento, respeitando os limites legais e os protocolos do Plano São Paulo. Nas cidades onde houver decretos que impedem as aulas presenciais, as escolas devem funcionar apenas para atendimento administrativo e merenda, caso a medida local permita.
Com relação à imunização do público citada pelo representante da Apeoesp, a Secretaria Estadual de Educação informou que seguirá as diretrizes presentes no PNI (Programa Nacional de Imunizações).
À reportagem, a Prefeitura de Martinópolis – cidade que recebeu o protesto – informou que o município segue as normas contidas no Plano São Paulo e acrescentou que as escolas estaduais atendem aos protocolos de segurança da Secretaria de Estado da Educação. “A municipalidade tomou conhecimento do protesto e enfatiza que está engajada no combate da pandemia, com o compromisso de minimizar os impactos causados nas diversas áreas do município”, explica. A Prefeitura registra ainda que vem seguindo todas as recomendações e normas das autoridades no enfrentamento do vírus e, por fim, enfatiza que a segurança dos alunos e dos profissionais da educação sempre será a prioridade da gestão.
A reportagem também solicitou um posicionamento para a Prefeitura de Regente Feijó no que diz respeito ao plano de retomada das aulas presenciais, contudo, não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
SAIBA MAIS
Recentemente, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, enviou ofício à Casa Civil solicitando a inclusão de professores e demais profissionais da educação básica, com ênfase no 1º e 2º ano do ensino fundamental, como grupo prioritário no esforço de vacinação contra a Covid-19. A sugestão foi aceita e esses profissionais foram incluídos no grupo prioritário para receber a vacinação.