Os consumidores do setor supermercadista tiveram um ano favorável, tendo em vista que o IPS (Índice de Preços dos Supermercados), no acumulado de janeiro a dezembro de 2017, fechou com queda de 2,30%. O cálculo foi realizado pela Apas/Fipe (Associação Paulista de Supermercados/ Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e também apontou que o valor foi o menor desde o início da medição (2004), quando a deflação chegou a 2,26%, no ano de 1998.
O resultado foi considerado “surpreendente” pelo economista da Apas, Thiago Berka, que explicou ser decorrente de dois fatores: a safra recorde brasileira no último ano e a redução do desemprego. Ele explana que o primeiro impactou nos valores dos grãos, mas também nos rebanhos bovino, suíno e aves, que foram beneficiados com melhores preços para a ração e, logo, na redução dos valores das carnes.
No entanto, apesar do resultado animador, para o acumulado de 2018, a Apas estima que os preços acabem subindo entre 3% a 4% nos supermercados. “O nível de emprego no Brasil continuará aumentando e com melhora nos empregados com carteira assinada na iniciativa privada, o que vai tornar a demanda mais robusta e sustentável. Além disso, a safra brasileira de 2018 será excelente novamente, porém, não brilhará tanto quanto em 2017, com previsões de que seja 6% pior”, avalia o economista.
Realidade dos supermercados
Para o gerente do supermercado Avenida, em Prudente, Joelson Tonietti, os preços se mantiveram estáveis no ano anterior, assim, acredita que o consumo dos clientes não foi afetado. Destaca que, por conta da safra favorável, o feijão foi o que apresentou a maior queda indo de até R$ 7 para R$ 2,99. “Acredito que este ano os preços serão mantidos. Isso vaio depender da situação do país”, pontua.
A queda no valor do feijão também foi a mais significativa no Supermercado Estrela, segundo o diretor comercial Pedro Henrique Nicoluci. Ele afirma que houve redução de 50% no valor do produto, bem como no do açúcar, que estava 25% mais barato do que em 2016. “Normalmente, os preços em janeiro aumentam, mas até o momento ainda estão estáveis. Em relação às vendas, não teve muita diferença, pois o consumidor ainda não está tão confiante para gastar mais. Acho que terá uma inflação, porém, pequena”, afirma.
Compras
A queda de preços no ano passado foi notada pela aposentada Maria Dionilde da Silva, 80 anos, porém ela relata que eles já voltaram a subir. Para não faltar nada em casa e não prejudicar as contas, diz que compra em pequenas quantidades. "As frutas sobem mais que o salário. Antes, comprava tomate por R$ 2 e agora já está quase R$ 6, por exemplo. Espero que melhore, apesar de ser uma incerteza", brinca.
Em contrapartida, o torneiro mecânico Aurelio dos Santos, 61 anos, não sentiu em 2017 a queda nos valores. Pelo contrário, mesmo indo esporadicamente aos mercados, sentiu “leve alta” e, para evitar a falta de alguns alimentos, opta por realizar as compras em dia de promoção. "Arroz, feijão, carnes e frutas são alimentos que não podem faltar em casa. Então, procuro um preço mais em conta", pontua.
A pesquisa de preços é considerada fundamental para o aposentado João Reverte Lopes, 67 anos, que antes de realizar as compras, visita, ao menos, três supermercados. Com isso, ele também notou a queda nos valores em 2017, seguida da alta este ano. "A esposa entrega a lista e eu analiso os preços. Não se pode chegar comprando no primeiro mercado", afirma.
SAIBA MAIS
Produtos semielaborados: Os preços subiram 0,72% em dezembro, puxados pela carne bovina (3,93%) e dos pescados (1,20%). Por outro lado, as aves demonstraram queda (1,16%), junto com suínos (3,30%) e leite (0,37%). No acumulado do ano de 2017, os produtos semielaborados registraram redução de 5,64%.
Produtos in natura: No geral caíram 0,34% em dezembro. Só não foi menor por conta das frutas, que possuem maior demanda do mês e tiveram alta de 1,94%. Laranja (6,99%), banana (5,69%), maçã (4,39%), mamão (7,02%), abacaxi (4,20%) e maracujá (6,60%) contabilizaram os principais aumentos. Todas estas frutas, exceto o maracujá, estavam em período de fim de safra ou entressafra, tornando os preços mais instáveis. No acumulado de 2017, os produtos in natura fecharam em queda de 4,28%.