É senso comum que o avião trouxe praticidade, comodidade e velocidade às viagens de longas distâncias. Porém, alguns cuidados com a saúde são necessários para não passar apuros nos ares. A cardiologista Nina Azevedo de Medeiros Couto, 34 anos, recomenda que pacientes portadores de doenças crônicas as mantenham sob controle terapêutico adequado antes das viagens. “Grande parte dos problemas de saúde desencadeados por viagens aéreas é decorrente do ar mais rarefeito”, destaca. “Mesmo com a pressurização adequada das cabines, os portadores de doenças hematológicas, cerebrovasculares e cardiopulmonares, por exemplo, estão mais expostos aos efeitos na circulação sanguínea, pela mudança de pressão”.
De acordo com a neurologista Maria Teresa Castilho Garcia, 41 anos, os portadores de doenças cardíacas, como miocardiopatias, arritmias cardíacas, principalmente não estabilizadas, podem sofrer descompensações durante ou logo após o voo. “Pacientes com alguma deficiência física ou paralisias, ao ficarem muito tempo em uma mesma posição, têm maior predisposição a tromboses venosas profundas e até tromboembolismo pulmonar”, destaca.
A especialista orienta que se deve procurar um médico antes das viagens, principalmente as internacionais, mesmo que não se tenha uma doença diagnosticada. “Não sabemos se a pessoa contraiu alguma doença infecciosa ou transmissível aguda nos dias anteriores à viagem, inclusive, é recomendável não viajar na vigência de qualquer doença infecciosa aguda para fora do território nacional”.
NUNCA SE
AUTOMEDIQUE
É possível que você já tenha ouvido alguém dizer que toma alguma bebida alcoólica ou calmantes para não ter medo durante o voo. Porém, o resultado pode ser ruim. “Tal conduta pode trazer riscos adicionais aos pacientes, como síncopes, vertigens, queda de saturação de oxigênio. É importante que os passageiros que possuem algum tipo de trauma ou medo de voar conversem com seu médico assistencial, para que, após avaliação, ele prescreva a medicação adequada, lembrando que a automedicação é algo que sempre traz risco adicional aos pacientes”, destaca Nina.
Maria Teresa completa: “Para indivíduos que nunca fizeram uso de medicações controladas, como ansiolíticos, indutores de sono e hipnóticos, não é recomendado que os experimentem pela primeira vez no momento do voo, pois não se sabe se poderão apresentar algum tipo de efeito colateral”, alerta.
INDICAÇÕES DE
SEGURANÇA
Para garantir que o voo seja calmo e sem complicações, as especialistas recomendam que se procure um médico antes de cada viagem, além de não se manter em uma mesma posição durante longos períodos, sempre levantando para se alongar, ou dar uma leve caminhada pelos corredores, quando isto é permitido.
Sendo muito comum, o barotrauma (lesão no ouvido provocada pelo desequilíbrio entre a pressão ambiental e da cavidade do ouvido médio) tem técnicas específicas para ser evitado e devem ser recomendadas pelo médico.
A cardiologista recomenda também que se preencha o Medif (Formulário Padrão de Informações Médicas para Viagens Aéreas), disponibilizado pelas empresas aéreas. Tal formulário deve ser preenchido por passageiros que possam demandar utilização de medicações ou procedimentos específicos durante o voo.