Amor é amar

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 23/11/2021
Horário 05:00

O amor nunca desiste. O amor se preocupa mais com os outros que consigo mesmo.
O amor não quer o que não tem. O amor não é esnobe. Não tem a mente soberba.
Não se impõe sobre os outros. Não age na base do eu primeiro. Não perde as estribeiras.
Não contabiliza os pecados dos outros. Não festeja quando os outros rastejam.
Tem prazer no desabrochar de verdade. Tolera qualquer coisa. Confia sempre em Deus.
Sempre procura o melhor.  Nunca olha para trás, mas prossegue até o fim.
O amor jamais acaba.
I Coríntios 13 

Não conhecia a tradução do texto acima na versão da Bíblia A Mensagem, mas, ao lê-la me surpreendi com a clareza das palavras, sem qualquer prejuízo para com a poesia paulina a respeito do amor. 
Ah! O amor. Quando se quer explicá-lo, faltam palavras que argumentem racionalmente esse sentimento sagrado/divino, mas também, demasiadamente humano. 
O que se sabe/conhece sobre esse nobre sentimento: ele existe e é possível senti-lo no corpo e em toda a história humana sem carecer de quaisquer (in) definições. 
O meio/mídia menos penoso, fragilmente lúcido e o mais funcional para falar do amor é o que percorre os caminhos das metáforas. No verso e reverso da vida, o testemunho da linguagem - limite do mundo humano – em forma de imagens, símbolos, figuras e pálidas palavras, sempre insuficientes para expressar a sustentável leveza do existir em amor.
Na busca, então, do significado/sentido, de maneira sublime e transcendental brotam/nascem: a prosa, a poesia, a imaginação... Na tentativa de dizer o que ele é (essência) pelos caminhos do existir (existência). 
Por isso quando se ama não se deve temer! Porque o amor exorciza o medo (I João 4.18) e em pavor impede-se o exercício afetivo/efetivo na direção do bem... Paralisa-se a vida cegando, sobretudo, a sua beleza infinda e graciosa a nos apresentar Deus.
Mas, quem é Deus? Ele é o amor, diz o registro joanino nas escrituras sagradas ao revelar a essência divina que, amorosamente, deseja se relacionar com a existência humana. 
Por isso, ao ser questionado sobre o maior dos mandamentos, Jesus tenha dito sem titubear: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. É só o amor que conhece o que é verdade. O amor é bom e não quer o mal. É ferida que dói e não se sente. É um estar-se preso por vontade... Legião Urbana. 
Não será esta a razão do amor humano pelo transcendente, sem que se reconheça nisto um sentimento vital e de sobrevivência? Como fez santo Agostinho, no encontro com Deus, expresso poeticamente: Sinto o amor eterno tocar o meu coração e a minha pequenez não o pode suportar, fazendo-me desfalecer. A ti, ó alma, nenhuma outra coisa satisfaz que não seja aquele que te criou. Fizeste-nos Senhor para ti e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti (Confissões). 
Mas é preciso dizer algo mais. O amor é eterno, afirmou o apóstolo Paulo no texto que serve como epígrafe do artigo neste seleto jornal. 
Ora, se o amor jamais acaba, Deus em sua eternidade nos convida a viver a eterna-idade/vida em abundância em Cristo que pede uma resposta humana ao seu infindo, eterno e terno amor.
 

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