Ambrósio e Azedinha, o casal birrento

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor do linho e da linhaça

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 03/09/2024
Horário 05:30

Dona Azedinha pegava no pé do marido, o Ambrósio, por qualquer coisinha. Qualquer deslize dele, por mais insignificante que fosse, já era motivo para a megera passar-lhe um sermão. Enfim, uma bronca homérica o coitado recebia. Aliás, os amigos mais chegados, revoltados com a implicância de Azedinha, dizem que o Ambrósio não passava de um pobre coitado.
E Azedinha tacava-lhe a "espora" sem dó nem piedade. Ela fazia marcação cerrada, enfim, trazia o marido na rédea curta. Outro dia, quando ele tomava banho, Azedinha avisou: "Usa bastante xampu nesse cabelo oleoso". Depois do banho, ela quis saber se ele tinha mesmo usado xampu além da conta para diminuir a oleosidade.
"Claro que usei, benzinho", confirmou o marido. "Seu cabra safado, eu percebi sua movimentação no banheiro e tenho certeza de que você não usou xampu", emendou Azedinha. Era muita esculhambação, Ambrósio se irritou e falou grosso: "Olha aqui, madame, eu usei Qboa no cabelo", ironizou. Ao que Azedinha, também irônica, perguntou de bate-pronto: "É para matar piolho?" A provocação terminou em xingamentos mútuos e o casal quase saiu no tapa.
Azedinha também implicava com os sapatos do marido. Os sapatos não podiam ficar na sala ou no quarto. Dentro de casa, o Ambrósio só usava chinelos. A esposa exigia chinelos limpos, sem qualquer sujeira por menor que fosse. "Tira os chinelos, vou limpá-los", exigia. Além disso, ele também era obrigado a limpar os chinelos em tapetes sempre que ia da sala para o quarto ou para a cozinha. Em suma: higiene acima de tudo, dos pés à cabeça.
O casal também não se entendia quando os assuntos eram política, música e cinema. Extremismos dos dois lados, parecendo Rússia e Ucrânia. Aliás, nenhuma novidade até porque, hoje em dia, os brasileiros brigam à toa quando discutem política. Não poderia ser diferente com Azedinha e Ambrósio, um casal sui gêneris. 
   
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