A intolerância à lactose e alergia à proteína do leite atingem 35% de pessoas no Brasil, segundo o Instituto Datafolha. De acordo com o estudo, os afetados pela má digestão de alimentos com base láctea estão acima de 16 anos. Conforme dados de 2015 apurados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), essa porcentagem significa cerca de 53 milhões de vítimas e representa 1/3 do total de pessoas desta faixa etária.
Mas afinal, quais as diferenças entre alergia ao leite e intolerância a lactose? Segundo a médica especialista em gastroenterologia, Aline Menacho de Castilho, as diferenças variam desde sintomas até a idade dos pacientes. “A alergia normalmente se manifesta em crianças, principalmente bebês, já a intolerância também pode surgir na infância, porém, é mais comum na fase adulta”, explana.
Para diagnosticar cada uma das situações, Aline revela que, quando se trata de alergia a produtos lácteos, os sintomas vão desde vômitos, cólicas, problemas na pele, coceiras e até respiratórios como tosse e rinite. Já à intolerância se manifesta normalmente por problemas digestivos que envolvem cólicas abdominais e diarreia.
Como tratar?
De acordo com a médica, as formas de tratamento são diferentes. Em caso de alergia, o leite e todas as proteínas derivadas devem ser excluídos da alimentação diária. “A alergia é uma reação do sistema de defesa do organismo, tem de ser retirado todos os tipos de leite não apenas o de vaca, e proteínas como caseína e albumina”, conta.
No caso de intolerância, o tratamento varia de acordo com o grau de recusa ao leite de cada organismo. Esta característica se divide em três níveis de propagação, leve, moderada e intensa. Para descobrir em qual dos graus cada caso se encaixa, é feito um teste respiratório à lactose. “Dependendo do nível de intolerância da pessoa, ela pode ingerir certa quantidade de produtos com leite, não precisa ser tirado totalmente da alimentação”, revela a médica.
Apesar disso, Aline frisa que a intolerância, se diagnosticada como definitiva, não tem cura, apenas adaptação. Para ajudar nisso, existem medicamentos como o Enzima Lactase, um comprimido que auxilia na absorção e digestão de carboidrato lácteo. “Como o paciente é intolerante, tem a ausência dessa facilidade no organismo e tomar a enzima vai ajudar para que se alimente e não sofra com os sintomas de recusa”, explica.
Reflexos
Diagnosticado com intolerância há quatro anos, João Victor Martins, 19 anos, conta que começou a perceber certo desconforto todas as vezes que ingeria alimentos que possuíam bastante leite, até o dia em que passou mal na escola. “Tive de ir para o hospital. Nesse mesmo dia fiz uma série de exames e fui diagnosticado com intolerância à lactose e gastrite nervosa”, conta.
Segundo João, a doença se desenvolveu com o passar do tempo, pois, quando criança ingeria leite sem nenhum problema e, por isso, ainda hoje, mantém o hábito de consumir a bebida todos os dias de manhã, mas, agora, opta por fabricações sem lactose.
De acordo com ele, após a descoberta foi preciso controlar a alimentação, principalmente no “vício por chocolates”. Entretanto, quando necessita se alimentar de produtos que possuem base láctea, faz uso do Enzima Lactase. “Às vezes, acontece de eu comer e beber algo que tenha leite sem ingerir a enzima antes, porque não é sempre que carrego comigo. Quando estou com vontade de comer, como mesmo, mas já sei que terei a consequência”, relata.
SAIBA MAIS
A médica orienta pessoas intolerantes a se atentarem com rótulos de produtos, principalmente farmacêuticos. “Tem muito medicamento com lactose na composição. Às vezes, o paciente passa mal por causa de algum remédio que contém proteínas lácteas, por isso recomendamos olhar o rótulo sempre”, esclarece.