Além da sala de aula

OPINIÃO - Aline Daniele Hoepers

Data 26/04/2024
Horário 04:30

Com qual projeto de construção de conhecimentos e de mundo tenho me comprometido? Como a instituição de ensino superior, a qual pertenço, tem fomentado espaços coletivos de criação de saberes socialmente implicados? De quais maneiras posso construir conhecimentos científicos interessados na transformação do mundo que temos? Essas são perguntas fundamentais, embora frequentemente ausentes, no transcurso da formação acadêmica de alunas e alunos brasileiros.
O incentivo à pesquisa e à extensão ao longo da graduação, enquanto campos tão formidáveis quanto o ensino, deveria ser foco basal na formação acadêmica. Temos, contudo, muito a avançar rumo à consolidação e principalmente à articulação de ações formativas continuadas que envolvam essas dimensões e estejam voltadas à efetivação de uma qualificação crítica e atenta às necessidades emergentes nos contextos sociais, marcados por desigualdades sociais variadas.
A inserção de discentes em atividades de pesquisa, por meio de iniciação científica e grupos de pesquisa, tende a favorecer a participação no desenvolvimento científico, o debate interdisciplinar e a implicação com temáticas que frequentemente extrapolam as discussões realizadas em sala de aula. O envolvimento em atividades de extensão, através de ações e projetos com a comunidade, também se configura como ferramenta necessária à formação reflexiva e contextualizada, ao passo que produz interfaces entre instituição de ensino e comunidade externa, ampliando possibilidades de consolidação de fazeres e saberes coparticipativos, problematizadores e atentos às demandas da população.  
O desafio a nós apresentado evidencia a indispensabilidade de que pesquisa e extensão não sejam meros apêndices do ensino, numa relação hierárquica, mas sim apostas ético-políticas, que amplifiquem os efeitos criativos nas, através das e para além das instituições formativas (e, quiçá, transformativas).

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