Agosto já vai tarde

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor da pizza e da Torre de Pisa

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 27/08/2024
Horário 05:30

Agosto não negou fogo e deixou a sua marca de mês de acontecimentos funestos, como diz a crendice popular. Ainda faltam cinco dias, a partir de hoje, para terminar o sinistro agosto de 2024. Aliás, bota sinistro nisso. Dois acidentes aéreos com 67 mortos no Brasil, sem contar o naufrágio de um iate na Sicília, na Itália, com sete mortos.
No caso do avião que caiu em parafuso em Vinhedo, perto de Campinas, morreram 58 passageiros e quatro tripulantes. Avião da Voepass, cujos donos parecem brincar de aviação, a julgar pelo que foi apurado até agora sobre as condições de segurança dos aviões da empresa. Descobriram até vazamento de óleo em uma aeronave.
Não viajo num avião da Voepass nem de graça. Eu, hein? Prefiro voar de balão, que parece mais seguro. É como dizia o poeta Vinicius de Moraes: "O avião quebra lá em cima, mas a oficina fica aqui embaixo". 
Desconfio de avião de pequeno e médio portes. Deixei de fazer matéria porque tinha que viajar num avião pequeno. Não tenho vocação para Indiana Jones.
E os famosos que partiram deste mundo em agosto? Um drama. Partiram, em ordem alfabética, o ator Alain Delon, o economista Delfim Netto, a cantora Diana e Sílvio Santos. Considerado o homem mais bonito do mundo, depois de mim e do Sinomar, Alain Delon deixou sua marca no cinema francês e mundial. 
Três filmes dele são essenciais: "O Sol Por Testemunha", "Rocco e Seus Irmãos" e "O Leopardo", sendo o primeiro dirigido por René Clément e os dois últimos por Luchino Visconti. "Rocco" é uma obra-prima, que retrata o drama de uma família pobre. Família também é o tema de "O Leopardo", enquanto "O Sol Por Testemunha" está mais, digamos, para o gênero crime (um noir colorido).
E o Delfim? Na época da ditadura, ele falava no crescimento do bolo (econômico) para, depois, dividi-lo. Não deu certo. Considerado um grande economista, Delfim era especialista na obra de Karl Marx. Dizem que ninguém conhecia Marx melhor do que Delfim Netto.   
Já sobre a cantora Diana pouco sei. Aliás, sei que ela foi embora aos 76 anos. Foi casada com o cantor Odair José. Sílvio Santos também foi embora e deixou sua marca na televisão, cuja programação hoje em dia - e até de noite - está um horror. De camelô a empresário, Silvio começou no rádio e, entre as rádios por onde passou, trabalhou na Rádio Cruzeiro do Sul, que passou a se chamar Rádio Piratininga, e na Rádio Nacional, em São Paulo (também trabalhei nas duas emissoras).
Silvio Santos foi o maior apresentador da televisão. Será? Há controvérsias. Não podemos esquecer de Silveira Sampaio, que era culto e dava show no palco. E o que dizer de Blota Júnior? Ótimo apresentador. Flávio Cavalcante também se destacou e até teve o mérito de levar em seu programa artistas como Tom Jobim e outros cobras da MPB, coisa que o Sílvio nunca fez. 
Silvio Santos não gostava de jornalismo e nunca valorizou as artes e a cultura brasileiras. Era governista. Para ele, melhor do que o atual presidente só o próximo. Sabido e esperto (nada contra), se aproximou de todos os presidentes a partir da ditadura militar. Outros empresários da mídia em geral também agiram assim. Repito: nada contra. Afinal, o governo é um grande anunciante e qual o empresário da comunicação que não que não quer anúncios do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobrás? E assim foi agosto. A primavera começa em 22 de setembro. Que a vida seja mais leve sem a dureza do mês que finda e já vai tarde. 

DROPS

Diagnóstico: agnóstico.

Casamento: o que Deus uniu a frieira não separe.

Penso, logo insisto.

Cachorro mordido por cobra tem medo de trança.

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