Agnaldo Rayol

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor da harmônica e da harmonia

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 07/11/2024
Horário 05:30

Foi uma segunda-feira triste e difícil, já que o Brasil perdeu um de seus melhores cantores, o carioca Agnaldo Rayol, que passou a maior dos seus 86 anos de vida em São Paulo. Baita cantor, sem dúvida nenhuma. Cantor que cantava mesmo, passando pelo bolero e pelo samba-canção com a maior desenvoltura, sem contar outros ritmos. 
Agnaldo Rayol tinha voz de barítono, assim como Nelson Gonçalves e Frank Sinatra (barítono é a voz intermediária entre o baixo e o tenor). Entre os seus grandes sucessos musicais destacam-se "A Praia", talvez o maior sucesso dele, "Acorrentados", belo bolero, "Creio em Ti", "Ave Maria" e "Mia Gioconda", canção lírica composta por Vicente Celestino, outro grande cantor patrício.
Quem ainda não ouviu as canções citadas não pode deixar de conferir. Elas são de um tempo em que se fazia música de verdade no Brasil e mundo afora, sem comparação com as besteiras musicais contemporâneas (o sabiá-laranjeira canta melhor do que o Gusttavo Lima).
A verdade é que o Brasil já perdeu os seus grandes cantores e, com a partida do Agnaldo Rayol, restaram apenas o Djavan, o Xororó e o Milton Nascimento. Mas e o Roberto Carlos não conta, cronista cara-pálida? Sim, claro. Ele também é ótimo, mas diria que o Roberto é mais um intérprete de sua própria obra. Não é aquele vozeirão.
Agnaldo Rayol também brilhou no cinema e na televisão. Teve programa na Record, quando a emissora prestigiava Nossa Senhora Aparecida. Quanto ao cinema ele atuou em vários filmes do Mazzaropi, que convidava desde roqueiros a sertanejos para cantar em suas películas.
Os mais velhos se lembram que o cantor Francisco Alves foi coroado o Rei da Voz e, depois de sua morte, o "trono" ficou vazio por longo tempo. Não sei quem decidiu, mas Agnaldo passou a ser o novo Rei da Voz no Brasil, um título mais do que merecido. Talento, charme e voz para merecer a honraria ele tinha de sobra. E vamos de MC ou tapamos os ouvidos. 

P.S.: Também partiu o músico Quincy Jones, um dos responsáveis pelo sucesso de Michael Jackson. Se me permitem o lugar-comum, uma perda irreparável. Reza a lenda que Jones precisava de uma baterista para gravar um disco e convidou Ringo Starr.
O ex-beatle "queimou na largada", ou seja, foi reprovado. O maestro trocou Ringo por um baterista de jazz, que deu conta do recado. É por isso que o jazz é chamado de a música dos músicos. 

DROPS 

Desesperar jamais.
(Ivan Lins e Vitor Martins)

Fora da caridade não há salvação.
(Allan Kardec)

Cabeça de porco no campo do Corinthians é tão surrealista que parece filme do cineasta Luis Buñuel.
(se a moda pega, imaginem jogar cabeça de baleia na Vila Belmiro)
 

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