Os usuários que chegam para embarque ou desembarque no Aeroporto Estadual Adhemar de Barros, em Presidente Prudente, não encontram mais um espaço onde comprar alimentos ou bebidas. Isso porque o único café que funcionava no local foi desativado. Para a Abav-SP/Aviesp (Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo), o fechamento deve desvalorizar ainda mais o aeroporto, que ainda aguarda o início dos investimentos pela concessionária ASP (Aeroportos Paulistas).
O vice-presidente da associação, Marcos Lucas, afirma que a administração do extinto café não teve interesse de renovar o contrato e defende que a empresa responsável pela concessão do aeroporto deve oferecer uma política de preços mais acessível para atrair interessados na oferta do serviço. “Eu nunca vi um aeroporto não dispor de um café para seus usuários comprarem um lanche ou uma água enquanto aguardam pela chegada do voo”, lamenta.
O médico ortopedista Roberto Lotfi Junior, que também é diretor de Defesa Profissional da APM (Associação Paulista de Medicina) do Estado de São Paulo, viaja semanalmente e diz que o cenário que encontra ao chegar ao aeroporto é de “completo abandono”. “A concessionária não fez absolutamente nada até agora e os problemas já existentes estão se agravando. Agora, ficamos sem qualquer estrutura para alimentos. É péssimo para quem chega ou sai de nossa cidade e não tem como se virar”, avalia.
Foto: Cedida - Cafeteria do aeroporto prudentino foi desativada
Marcos Lucas aponta que a desativação do café é só mais um dos problemas que prejudicam o aeroporto prudentino. Ele cita que esteve nesta segunda-feira no local e constatou outros três. O principal é o tamanho das salas de embarque e desembarque, cuja ampliação, segundo ele, deveria ser prioritária. “Quando duas aeronaves estão no solo concomitantemente, as pessoas não podem sequer entrar na sala de embarque juntas. É preciso que uma companhia chame primeiro e a outra na sequência para evitar a superlotação. O mesmo ocorre em caso de desembarque”, ilustra.
A segunda questão é a situação do estacionamento. Marcos Lucas destaca que o valor da diária é o mesmo praticado no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), mas metade das vagas está sem cobertura. “Parte dos carros fica tomando chuva e sol e os proprietários pagam o mesmo preço”, relata.
Foto: Cedida - Parte do estacionamento do aeroporto não tem cobertura
O terceiro problema já havia sido enfatizado por Marcos Lucas para este diário. Trata-se da falta de espaço para comportar o atendimento da Latam, que iniciou suas atividades na cidade neste ano. “A companhia está improvisada no aeroporto. Ela não pode sequer colocar a marca dela ali porque não tem local próprio”, expõe.
A reportagem entrou em contato com a ASP para verificar se deseja se posicionar a respeito do cenário relatado, mas não recebeu resposta até o momento.
Conforme noticiado por O Imparcial, a concessionária que assumiu a gestão do aeroporto de Prudente previa apresentar ao governo estadual em outubro o programa de obras para os próximos cinco anos. No entanto, comunicou que, “de comum acordo com a agência reguladora, está redefinindo a data de entrega do documento”. Ressaltou, contudo, que os compromissos de investimento no local permanecem os mesmos.
Entre os investimentos, a concessionária propõe aumento do saguão de embarque de 217,85 metros quadrados para 530 m²; fila de check-in de 41,85 m² para 150 m²; número de balcões de oito para 10 unidades; conjunto pórtico e raio-x de 10 m² para 15 m²; da fila de espera de vistoria de 6,53 m² para 30 m²; sala de embarque de 133,60 m² para 525 m²; restituição de bagagens de 82 m² para 230 m²; e saguão de desembarque, de 107,32 m² para 280 m²; totalizando o espaço operacional de 599,15 m² para 1.760 m².
A ASP, composta pela Socicam e pela Dix Empreendimentos, venceu o certame com ágio de 11,14% sobre a outorga mínima, com a oferta de R$ 7,6 milhões pela concessão do Bloco Noroeste, o qual inclui os aeroportos da região de Presidente Prudente.
Os investimentos totais previstos por meio do contrato de concessão são de R$ 68,1 milhões, distribuídos entre os aeródromos de Prudente (R$ 56,5 milhões), Dracena (R$ 7,2 milhões) e Presidente Epitácio (R$ 4,4 milhões).
O Bloco Noroeste, que será administrado pela ASP, inclui também os aeroportos comerciais de São José do Rio Preto, Araçatuba e Barretos, bem como dos aeródromos de Assis, Votuporanga, Penápolis, Tupã e Andradina.
A nova concessionária assume a prestação dos serviços públicos de exploração, manutenção e ampliação da infraestrutura aeroportuária estadual, que era de responsabilidade do Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), órgão ligado à Secretaria de Logística e Transportes.
