Artistas famosos, que geralmente estão em grandes centros, se mobilizam com lives e mais lives nas redes sociais para angariar recursos para ajudar a população, de modo geral, neste momento fatídico de pandemia pelo coronavírus. E o público responde muito bem, graças a Deus. Ocorre que artistas não tão conhecidos, que alegram as noites das pessoas em eventos dos mais variados realizados em cidades menores, como Presidente Prudente mesmo e tantas outras da região, recorrem ao mesmo tipo de programação e não têm o mesmo retorno.
Adriana Cavalcanti é uma delas. Ela realizou no dia 24 de abril uma live nas redes sociais, cuja renda arrecadada é para beneficiar famílias carentes e algumas personalidades da classe artística local. Ela conta que arrecadou em torno de R$ 2 mil e considera o montante “pouco”, porque “às vezes a pessoa paga R$ 20 num açaí, por exemplo. É difícil ela doar R$ 10 para ajudar alguém?”.
“Eu não dependo de shows, mas tenho muitos amigos que vivem unicamente deles. Como estou no meio, sei os que realmente são dependentes financeiramente dessa profissão. Um deles é o Di Ferrer, pai de três filhos, canta com a esposa na noite em vários eventos. São totalmente dependentes disso. Outro profissional é o Da Silva, que está se virando como mototaxi e um terceiro é o André Felix, cantor sertanejo que tinha uma agendada lotada de shows e perdeu tudo”, lamenta a cantora.
Adriana destaca que a vaquinha virtual continua no site e as pessoas podem seguir colaborando com as doações, porque ela pretende fazer um show por mês. O de abril foi com seus alunos, agora em maio, no dia 8, às 20h30, ela revisita um que foi maravilhoso e as pessoas pedem muito, que é o “Viva Brasil”, qual inaugurou o Teatro Paulo Roberto Lisboa, no Centro Cultural Matarazzo. Este será especificamente dela com Tiago Lima e Erivelton Souza. E, em junho, fará outro com seus alunos, “A Festa Junina”, como se fosse um couver artístico mesmo, com o valor de R$ 10 a R$ 500.
“FICO MAIS TRISTE AINDA EM VER QUE TEM GENTE QUE PODE AJUDAR E NÃO O FAZ. E A FOME, AS CONTAS NÃO ESPERAM. VEMOS QUE UM AJUDA AQUI, OUTRO ALI, MAS AINDA FALTA A SOLIDARIEDADE”
Adriana Cavalcanti
“Não só a classe artística, mas bares, restaurantes e tantos outros estão sofrendo com toda esta situação. Então precisa ter o coração muito solidário e uma visão aberta do próximo. Isso me emociona e me entristece demais. Fico mais triste ainda em ver que tem gente que pode ajudar e não o faz. E a fome, as contas não esperam. Vemos que um ajuda aqui, outro ali, mas ainda falta a solidariedade de mais empresas, da população que tem melhores condições”, enfatiza a cantora.
SEM SEGURAR
AS LÁGRIMAS
Chorando mesmo, o que foi possível detectar por sua voz via WhatsApp, para esta entrevista, Adriana - que tem um sorriso largo sempre - não segurou a emoção ao responder como tem sido esse período fora dos palcos e longe de seus alunos. Com a voz embargada, ela disse que “é muito triste querer trabalhar e não poder”. Porque embora ela já realizasse aulas por Skype para alunos de Minas Gerais (MG), interior da Bahia, Teodoro Sampaio, Ourinhos, Rancharia, Martinópolis, entre outras cidades da região, a maioria era presencial.
“Hoje a realidade é inversa. É muito difícil. A gente sente muita falta do público. Estou fazendo várias lives em parceria com o Galpão da Lua, como uma sobre a história da música brasileira, uma sobre técnica vocal e suas particularidades da MPB. Ajuda muito! Ocorreram alguns casos de pessoas que não conseguiram doar pelo PagSeguro, por isso basta entrarem em meu site e o número da minha conta está lá”, diz Adriana.
SERVIÇO
Se um ou tantos cantores da cidade e região já alegraram sua noite ou sua festa particular e você quer ajudar, as doações continuam pelo site da cantora Adriana Cavalcanti: adrianacavalcantioficial.com.br/apoie.