Recentemente, o caso da jovem que foi assassinada por um ex-presidiário, no Triângulo Mineiro, após oferecer uma carona, que foi combinada em um grupo nas redes sociais, ganhou destaque no país. O ocorrido também despertou a atenção para esta prática, que está cada vez mais corriqueira. Uma realidade que pode ser vista pelos grupos formados na internet, voltados a este tipo de serviço. Em Presidente Prudente, apesar de não haver registros de casos semelhantes, segundo a Polícia Civil, os adeptos a esta prática estão mais atentos aos acordos firmados.
A delegada seccional da Polícia Civil de Prudente, Ieda Maria Cavalli de Aguiar Filgueiras, orienta que as pessoas não deem caronas a desconhecidos. “Infelizmente, sabemos de casos de roubos, em que mulheres e crianças são utilizadas como ‘iscas’ para os motoristas que acabam sendo roubados”, expõe. Tendo isso em vista, a orientação é que a pessoa não deve parar para dar carona. O recomendado é que continue o trajeto e ligue para o 190, que dará o atendimento correto em casos de socorro.
Para a delegada, nas redes sociais o risco é ainda maior, pois não há como identificar quem está do outro lado. Assim, recomenda as pessoas não participarem deste tipo de grupos. “Tanto as que organizam quanto as que participam têm que ser conhecidas. A rede social aceita tudo e têm muitos perfis falsos. Toda oferta que é muito generosa é suspeita. Se não conhece, não vá”, orienta.
De acordo com o advogado criminalista, Emerson de Oliveira Longhi, a carona se trata de um serviço particular entre duas pessoas. Desta forma, informa não haver classificações penais que considerem esse ato um crime, ou seja, não existem impedimentos para caronas no Código Penal. Apesar disso, considera que a prática não deixa de ser preocupante e requer cuidados. “Não existe crime no fato de dar carona e cobrar por isso. Tenho meu carro, vou para tal lugar e divido as despesas com quem vai comigo. O recomendado é que as pessoas façam isso com amigos”, pontua.
Viagem em grupo
Desde que se mudou para Prudente, há oito meses, a auxiliar administrativo, Monica Luise Brandino dos Santos, 24 anos, começou a fazer parte de grupos de caronas nas redes sociais, onde consegue uma “opção mais rápida e econômica” para chegar até a sua cidade nos finais de semana. Conta que depois do caso do assassinato da jovem, começou a ter uma atenção maior na hora de pesquisar sobre a pessoa que oferece uma vaga no carro. “Como sou de uma cidade pequena, todo mundo se conhece. Então, quando vou viajar sempre pergunto aos meus amigos e familiares para ver se o interessado é conhecido de alguém. Nunca viajo com quem não conheço”, declara.
O estudante Mateus Rinaldi Silva Canassa, 21 anos, é um dos que sempre oferecem caronas nesses grupos, na tentativa de ajudar as pessoas, pois “nem todos têm condições de pegar ônibus e as empresas não proporcionam horários mais flexíveis e condições melhores”. Para isso, ele também diz que busca apenas pessoas conhecidas e prefere viajar com todos os lugares ocupados, para não ir sozinho com uma pessoa somente. “É benéfico porque de carro a viagem demora menos, é mais barata, confortável e viável. Coloco no grupo a partida e o destino, as pessoas que se interessam, me chamam no privado e acertamos um horário em comum. É bem simples”, conta.