As pessoas emitem opiniões as mais variadas, mesmo não tendo conhecimento suficiente para assertar sobre os assuntos tratados. Com o advento da internet essa prática ganhou imensa proporção e visibilidade. As opiniões são emitidas, compartilhadas, viralizadas. Seja por ignorância, seja por exacerbada autoestima ou petulância, as pessoas questionam os especialistas nas matérias como se especialistas fossem também. E não estamos falando do senso comum, daquele conhecimento disseminado como uma verdade fácil e acessível a todo tipo de gente. Talvez, poderíamos classificá-lo como sabedoria popular.
Algumas pessoas arvoram-se comentaristas opinativos porque leram no almanaque (coisa antiga!) ou assistiram na televisão (prática quase démodé) ou viram seus youtubers preferidos pregando assuntos para todos os gostos. Os programas populares (de rádio e tv, mas não só) com os seus colunistas/especialistas para qualquer situação, me parece, ajudam muito na espécie de cultura ‘achística’ atual. O cenário ganha contorno dramático quando os pesquisadores e especialistas não conseguem se fazer entender, seja por causa do palavreado técnico e embolado, seja pela incapacidade de traduzir o difícil em acessível ao dia a dia do cidadão médio.
Escasseiam conhecimentos mais amplos e experimentados, sobram achismos. O ‘Google’ é a ferramenta de busca que veio para resolver todos os problemas; tudo o que se procura encontra, ainda que não se distinga informação saudável de “fake news” ou fonte segura de baboseiras. Há achismo para toda e qualquer matéria na pauta das conversas de boteco e de ambientes acadêmicos. Claro que a vida em toda a sua complexidade precisa ser conversada, estudada, dissecada. Uma forma saudável de aquisição de conhecimento vem das perguntas feitas frente o espanto diante da realidade.
Entretanto, muitos não perguntam para aprender, mas para mostrar que sabem; perguntam, mas não estão dispostos a ouvir, não querem aprender, senão somente manifestar –quase sempre– de um jeito crítico e ácido a sua inconformidade com aquilo que o tempo convencionou (?) estar mais próximo do real. Há muitas mudanças no cenário geral da sociedade e nas formas de aprendizagem e transmissão de conhecimento. Se há algum tempo o conhecimento estava com pessoas, em geral, mais velhas e era delas que se deveria aprender, hoje, o conhecimento está com os mais jovens. A tecnologia é dominada pela meninada.
Não é o avô que ensina o neto, mas o neto que ensina o avô a, por exemplo, usar o celular, o tablet e outros apetrechos tecnológicos. Quase sempre esses infantes não têm muita paciência na transmissão do que sabem. Sobretudo porque os mais velhos têm dificuldade de agilidade no manuseio das novas técnicas. Neste ponto, surge a questão das muitas informações recebidas sem a necessária educação, entendida como forma e capacidade de uso das informações recebidas. Ter conteúdo e não saber manuseá-los é tão ruim quanto não tê-lo. Noutro ambiente, para o filósofo e escritor Mario Sergio Cortella os profissionais que hoje ocupam postos em diversas áreas estão mais do que nunca questionando os seus propósitos.
Eles querem reconhecer o esforço diário como útil e, mais, ser valorizados por ele. O que está em jogo é a realização, sobretudo para os jovens que chegam agora ao mercado de trabalho. A estes, o especialista em educação, alfineta: a nova geração é mal-educada. Está acostumada a ser quem subordina os adultos em casa. Comecei falando de achismos para finalizar com achismo. Acho que (as gerações) precisamos nos encontrar mais. Sem receio do novo e sem ojeriza do anterior. Compartilhar mais informações e conhecimento. Enquanto o encontro favorece, a distância, prejudica. Achemos juntos. Sem medo e sem pressa.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!