Uma ação efetivamente cultural já que a própria população é convidada a participar da preparação e executar tarefas essenciais. É com esta proposta, que Anhumas sedia o Festival de Diversidade Cultural. Desde domingo, cerca de 100 pessoas da comunidade participam voluntariamente de oficinas e preparam obras audiovisuais. E todo o resultado desse trabalho pode ser conferido a partir desta quinta-feira até 14 de junho, gratuitamente, na praça Padre João Kivilus, a partir das 20h, com exceção de hoje, já que os que quiserem podem assistir à estreia da Copa do Mundo em um telão instalado no local. A ação tem apoio cultural de
O Imparcial.
Organização do evento esteve ontem de manhã na sede do jornal para falar da programação
A ideia dessa ação diferenciada iniciou quando o município conseguiu a verba de R$ 150 mil do Ministério da Cultura. "Consegui esse dinheiro e passei para as pessoas competentes para que desenvolvessem algo bom para a comunidade", afirma o prefeito Adailton César Menossi (PTB).
A partir de então, com uma reunião com a administração, a ação começou a ganhar forma. "Olhar para as pessoas é prioridade. Queríamos uma ação que fosse em prol da população, um festival. Percebemos que a nossa região é rica, porém, pouco explorada. E para nos ajudar a fazer um festival bom, convidamos o Paulo Brazyl, ícone cultural e começamos a montar nosso plano de ação", diz a assessora Paulina Paulino.
Brazyl frisa que com a proposta da valorização do ser humano, teve início o projeto. "Estou na região desde 2007 e nunca vi um evento neste sentido. Está sendo maravilhoso", salienta. Ele explica que na maioria dos festivais, se contrata os artistas para virem se apresentar e pronto. "Queríamos algo além disso. Então, além das apresentações, queríamos algo a mais, o desenvolvimento de oficinas, por exemplo. Assim, a população não seria apenas público", conta.
Acrescenta que o festival compreende em estrutura, montagem, palco, cenografia, filmagem. Então, desde o início desta semana, artistas realizam oficinas para interessados em qualquer hora do dia, sobre diversos assuntos. "Então, tudo é feito pelo artista e pela população interessada. Tem pessoas que passam pelo local, olham, se interessam e fazem algo ali, na hora", frisa.
Assim, Andréia Previttali realiza a oficina de Yarn Bombing; Fábio Nagate é responsável pela oficina de Cellograffiti; tem a oficina Fluxo Frágil com intervenções; e José Roberto Zero faz a de Audiovisual. "Com o Zero, por exemplo, as pessoas estão registrando em vídeo e foto todo o processo, o cotidiano da cidade, para depois fazer uma edição e ter isso guardado como documento ou para prestar contas. E assim, estão descobrindo novos lugares na cidade que não eram ainda tão contemplados. Estão fortalecendo sua identidade", detalha.
Tem ainda o grupo com as intervenções, uma maneira, segundo Brazyl, de dialogar com o público. "Então tudo isso vai além de ser um simples festival. A comunidade está envolvida, fazendo roupas com bexigas para a apresentação, aprendendo o cellograffiti, fazendo a cenografia", frisa.
A ideia permite que muitas pessoas que não se envolvem direta ou indiretamente com a execução deste tipo de evento participem e aprendam. "Estas pessoas fazem parte da ação e passam a valorizar a criação deste trabalho e a população também é valorizada, bem como a cultura local", salienta Brazyl. "Estamos indo pelo mais difícil. Muito mais fácil contratar as pessoas e o festival acontecer. Mas, queríamos mais e este envolvimento com a população tem sido emocionante e tem surpreendido nossas expectativas", afirma Paulino.
Maria Pires, integrante da organização, conta que no primeiro dia de oficina, ela perguntou aos alunos de Audiovisual que ali estavam o que a cidade tinha para ser mostrado e foi difícil a resposta. "Dois dias depois, já ouvíamos dizerem inúmeros locais e que talvez não daria tempo de mostrar tudo. Isso é importante, a identificação de onde estou, de onde eu vim e abrir os olhos para o cotidiano", ressalta. Mauricio da Silva também acompanhou os organizadores até a sede de
O Imparcial.
Programação
De hoje até sábado, Anhumas tem uma programação especial. Além das oficinas, tem o show Alma Popular com Jotacê Cardoso e Nelma Melo nos três dias. Hoje, João Marcelo & Juliano sobe ao palco após às 20h. Amanhã, tem Jeann & Julio e, no dia 14, Toni & Tiago. Além disso, haverá participações e apresentações de Maycon Marana e Banda, Estação do Samba, Trio Arena Universitária, Projeto Guri, Banda Marcial de Anhumas, Grupo da Terceira Idade de Pirapozinho, Roda de Capoeira, Grupo da Terceira Idade de Teodoro Sampaio. E ainda praça de alimentação e Espaço Feira do Empreendedor, com apoio do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo).