Em meio aos problemas e adversidades do cotidiano, a firmeza moral é constantemente abalada e a determinação de sempre agir de forma correta demonstra-se incapaz de oferecer ao homem uma alegria constante, uma satisfação diária. Portanto, é nítida que uma das virtudes cardeais mais necessárias para a contemporaneidade é a fortaleza, ou melhor, a coragem.
O Catecismo da Igreja Católica compreende a fortaleza enquanto uma virtude moral que oferece ao homem segurança nas dificuldades, constância na prática do bem e resolução categórica de resistir às tentações. Nada melhor do que bons modelos e exemplos para que possamos desenvolver a coragem com forte determinação. Popularmente, esses modelos são os chamados “heróis”. Destarte, conforme frisava Shakespeare, heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências e as adversidades. Afinal, o que seria de um herói sem a verdadeira e autêntica coragem?
No dia 22 de novembro, a Igreja celebra a memória de Santa Cecília, virgem e mártir. Nasceu numa família nobre romana, filha de um eminente senador. Em meio ao crescimento das pregações dos apóstolos de Cristo, Cecília aderiu aos preceitos da cosmovisão cristológica e realizou seus votos de pureza. A despeito de seus votos, seus pais a prometeram em casamento a um jovem chamado Valeriano.
No dia das bodas, a jovem chamou seu noivo e lhe informou acerca de sua condição de pureza bem como de sua determinação em preservar seus votos. Ademais, Cecília contava com a proteção de um anjo, cuja presença demonstrava-se de forma visível para ela. Valeriano, diante da fé de Cecília e da graça divina, converteu-se ao cristianismo e entregou-se ao exercício das virtudes. Até mesmo Tibúrcio, irmão de Valeriano, aceitou os dogmas de Cristo.
Em meio ao contexto das perseguições romanas, Tibúrcio e Valeriano foram degolados. Os algozes pressionaram Cecília para que renunciasse sua fé em Cristo, contudo, a virgem não sucumbiu e preservou sua firme convicção na soberania misericordiosa de Deus. Foi submetida a duras e funestas torturas, mas resistiu a todas elas. Diante da fortaleza da virgem, os algozes não viram uma alternativa senão a morte de Cecília. Por fim, a santa foi degolada. É lembrada como exemplo de coragem e de perseverança diante das adversidades.
Santa Cecília representa a coragem dos que não são atuais, mas eternos, conforme diria Chesterton. Cecília tipifica a fortaleza daqueles que se dedicaram a salvar épocas e almas, independentemente das adversidades, tentações e pressões do mundo. A mais bela e verdadeira coragem está fundamentada na Pessoa de Cristo, que proferiu as seguintes palavras de esperança: “Coragem! Eu venci o mundo.” Portanto, “Devemos suportar as aflições, mesmo que sejam duradouras, sabendo que somos extraordinariamente bem medicados, enquanto a graça de Deus atuar em nosso favor” (João Calvino).