Nem parece que era inverno. A coloração avermelhada do entardecer me convidava para apreciar a lenta jornada do sol no firmamento, mergulhado em suas formas e texturas como se não houvesse mais espaço para tristeza no coração. Conforme o sol se movia em direção ao horizonte, sua luz atravessava uma maior quantidade de atmosfera, resultando em um espalhamento das cores do espectro de luz. Isso criava tons de laranja, vermelho, rosa, roxo e dourado no céu, combinando-se de maneira única e cativante. Evento que lembrava da beleza efêmera da vida.
Quando o céu se apresenta assim mais limpo, com menos nuvens e um azul intenso, minha imaginação vai longe. Fico procurando as chuvas de meteoros, as conjunções planetárias ou outras atividades celestes. Dizem que Mercúrio, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno vão estar visíveis a partir de agora, e mais ou menos alinhados, nas primeiras manhãs do mês, sendo pouco antes do nascer do sol os melhores momentos para observar o fenômeno astronômico. Vamos ficar atentos?
E os segredos guardados pelos pólens, então? Essas micropartículas, e sua existência em múltiplos estados simultaneamente, parecem guardar segredos profundos das conexões da vida. Quanta diversidade de métodos de polinização – processo essencial na reprodução das plantas com flores!!! Presença de espinhos e estruturas complexas que ajudam na adesão nos insetos, camadas protetoras que envolvem as células reprodutivas contra danos mecânicos, desidratação e radiação ultravioleta. Sistemas complexos e interconectados bem acima das nossas cabeças, forçados a resistir a condições adversas e empurrados pelo vento para continuar se movendo sempre adiante.
Parte maior do que si mesmo. Diversidade de ritmos, de uma natureza imbricada com a sociedade, numa parte do planeta no qual há interesses muito poderosos intervindo nesse ambiente, disputando o território. Estão ali os aerossóis produzidos pelas emissões de combustíveis fósseis e de outros ciclos do antropoceno. Fumaça de combustão. Processos industriais, como a queima de resíduos, produção de metais, cimento e químicos. Liberação de poeira em áreas aradas e aplicação de fertilizantes. A emissão de escapamentos de automóveis...
Tem também vários ciclos naturais como o comandado pelas bactérias que não estão na atmosfera, mas extraem o nitrogênio da atmosfera e o converte em formas que podem ser aproveitadas por organismos que estão no solo... Mas aí já é outra estória. Na dança cósmica, a vida segue a sua dança...