A verdade sobre Judas Escariotes

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 21/06/2020
Horário 08:44

Toda sociedade é formada por pessoas e grupos de pessoas unidas entre si por uma rede complexa de relações econômicas, políticas e ideológicas. Para situarmos a ação de Judas Escariotes, é necessário examinar os modos de relação que existiam na sociedade naquele tempo.

A economia tinha atividades que eram a pesca, agricultura e a pecuária. O artesanato era um artesanato de luxo, que concentrava em Jerusalém. Normalmente o ofício passava de pai para filho. Além desses artesãos, há também padeiros, barbeiros, açougueiros, carregadores de água e escravos que trabalhavam em outras atividades. O aparelho do Estado em Jerusalém exercia forte controle sobre a economia de todo país. O Estado era o maior empregador, pois restaurava templos, construía palácios, monumentos, aquedutos, muralhas, etc.

Grupos políticos religiosos nessa época, podemos distinguir e diferenciar no modo e na maneira que se relacionavam com a política, com a economia e religião. Tinham grande importância no quadro social da época. Os saduceus eram formados pelos grandes proprietários de terras e pelos membros da elite sacerdotal. Tinham o poder nas mãos e controlavam a administração e o Tribunal Supremo (Sinédrio). Os escribas eram o grupo e doutores da lei que adquiriam, a cada dia, mais prestígio na sociedade. Atuavam no Sinédrio, sinagogas e escolas. Os fariseus, que em hebraico significa segregados, eram nacionalistas e hostis ao Império Romano, porém sua resistência era passiva. Eram originários de todas as camadas da sociedade.

A maior expressão do farisaísmo foi a criação da sinagoga, opondo-se ao templo. Os zelotas eram partes dos fariseus. Eram absolutamente contra Roma e contrários ao governo de Herodes na Galiléia. Os zelotes eram reformistas. Em hebraico significa aquele que zela em nome de Deus. Acreditavam na luta armada como a única opção para a libertação do domínio romano. As autoridades os consideravam criminosos e terroristas. Eram perseguidos pelo poder romano.

Judas Escariotes era um zelote. Ele dizia que era absolutamente contra o governo romano. Os essênios, em muitos pontos assemelhavam-se aos fariseus. Esperavam um Messias chamado mestre da justiça, que iria organizar a guerra santa para exterminar os ímpios. Os samaritanos, apesar de não pertencerem ao judaísmo, eram um grupo característico do ambiente palestinense.

A religião no tempo de Jesus e de Judas estava centrada em dois pólos fundamentais: o templo e a sinagoga. O templo é sem dúvida o centro de Israel. É nele que os judeus, mesmo os da dispersão, se reuniam para prestar culto ao Deus único, santo puro, separado e perfeito. A sinagoga era o lugar onde o povo se reunia para a oração, para ouvir a palavra de Deus, e para pregação. A sinagoga pertencia à comunidade local e pode também ser usada como escola.

Foi nesse contexto histórico que nasceu, viveu, sonhou, lutou, almejou, causou polêmica e morreu o protagonista dessa emblemática história, Judas Escariotes. Judas-bar-Simão, filho de Simão Kerioth, zelote fanático por Israel e pelo Messias e contra Roma. Essa vontade de libertar Israel de Roma foi que o levou a agir e  foi a causa dele ser visto como traidor durante milênios até os dias de hoje. Judas Escariotes, filho de uma família judia de fariseus, rica e poderosa, que morava em Jerusalém, mas que possuía um palacete em Alexandria e outro no Cairo.

Seu verdadeiro nome era Judas-bar-Simão. Era filho de Lea-bar-Ezequiel, cujo tio era membro do Supremo Tribunal dos Judeus em Jerusalém, o Sinédrio. Judas era um rapaz rico, que abandonou a família e a fortuna para abraçar a pobreza voluntária, a fim de seguir aquele que ele realmente acreditava ser o Messias de todos os tempos, Josué-bar-José, um nazareno, nascido em Belém, de uma virgem chamada Mirian-bas-Joaquim, cuja mãe era uma mulher humilde de Nazaré, chamada Hannah.

Mais tarde, Josué foi chamado de Jesus pelos romanos e de Cristo pelos gregos. Jesus deu a Judas a forma grega do nome, Escariotes. Segundo Jesus, um nome que viverá sempre junto ao dele, e logo a seguir abreviou SKR. Um anagrama, que em hebraico/aramaico, era o símbolo do traidor. Na época, aceitar 30 moedas de prata era obrigatório pelas leis do Sinédrio, pois indicava que o traidor tinha revelado o que sabia de boa fé. Enquanto que a recusa da prata provava aos juízes que o traidor estava mentindo.

Portanto, podemos crer que Judas Escariotes não foi o vilão que todos pensam, ele foi, talvez, uma pessoa escolhida por Jesus, pois era um zelote que procurava de todos os meios libertar Israel do jugo romano. Judas Escariotes volta para casa e descobre que Sara, uma prima que ele deveria ter casado, tinha se enforcado por ter ficado grávida e ter sido rejeitada por ele. A sua própria mãe o despreza, ele sai, caminha e pensa em tudo que ocorreu e enforca-se também. Assim, Judas Escariotes acabou sendo mais um homem que não teve tempo, nem argumentos para provar sua fé e sua inocência.

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