O jesuíta Genaro Ávila-Valencia reflete que há momentos na vida em que se quer apertar o botão de avanço rápido, momentos em que a vida custa mais; aqueles em que a lentidão do ordinário parece um fardo pesado a ser carregado. Essa tentação de apertar o botão de avanço rápido (vide as velocidades de áudio do WhatsApp) pode acontecer conosco, geralmente, quando a incerteza do futuro corrói nossas entranhas, quando nosso desejo de saber prevalece sobre qualquer resquício de ignorância. Queremos que toda a nossa vida se encaixe em um plano estratégico, delimitado, medido e bem estruturado. Nosso interior exige clareza e distinção, entendimento e compreensão a qualquer custo. Mas quando isso não acontece – já que a vida tem suas surpresas – somos invadidos por sentimento de insegurança, medo, fantasmas, hesitação e, às vezes, completa paralisia nos impede de avançar ou, ao contrário, um impulso que acelera nosso ritmo nos faz atropelar os outros.
Dizer “não temos tempo” soa à mentira, pois quando nos interessa, o temos. Nem tudo tem que ser pragmático ou utilitário, também existem doação e gratificação. Não só o indivíduo é importante, também o é, e com maior ênfase, a comunidade. A tentação de acelerar a vida me invade pelo medo que tenho de sentir minha existência em todas as suas formas, humores, cores, nuances, texturas, sons, silêncios, presenças e ausências; mas ninguém pode nos salvar de nossos caminhos, devemos percorrê-los e sentir os ventos de cada momento: o frescor da manhã, o calor cansativo do meio-dia, a brisa suave da tarde, a escuridão silenciosa da noite e todos os tempos mortos onde nada brilha, onde nada acontece, onde a lentidão da vida nos esmaga e onde a espera calma nos desespera.
O desespero nasce da falta de esperança autêntica. Como cristãos, sabemos muito bem que “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações” (Rm 5,5). É quando perdemos de vista a esperança cristã como um dom que nos permite superar pacientemente toda resistência, adversidade e impaciência, que ficamos presos em nosso próprio labirinto de frustração e constrangimento. Se como disse Santa Teresa de Jesus: “a paciência alcança tudo”, quando chega? Só saberemos depois de esperar e trabalhar. Um jesuíta aconselha: “Não se preocupe, a espera é muito educativa porque ajuda os grandes ideais a se estabelecerem e encontrarem um lugar sereno onde possam ser vividos nossos propósitos e não cair no primeiro tropeço”. Lembre-se, não se desespere, porque é verdade que “a esperança não decepciona”.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!